A União Europeia (UE) abriu o mercado para lácteos dos Estados Unidos, estabelecendo um acesso preferencial para produtos como leite, queijos e derivados americanos, segundo informações de Agroinformación.
Em contrapartida, exportadores europeus de vinho e azeite enfrentarão uma tarifa de 15% para comercializar no mercado norte-americano, gerando um intenso debate sobre o equilíbrio desse pacto.
O acordo, firmado entre a UE e os EUA, tem como objetivo aliviar tensões comerciais e evitar a escalada de uma guerra tarifária mais ampla. Entretanto, diversas associações agrícolas europeias têm reagido com preocupação, classificando o pacto como “desigual e desequilibrado”.
Enquanto o setor lácteo e a carne suína dos EUA ganham novas oportunidades comerciais, produtores de países como Espanha, Itália e Portugal alertam para um impacto negativo direto sobre seus produtos tradicionais.
De acordo com entidades representativas do setor agroalimentar europeu, a nova tarifa de 15% sobre o vinho e o azeite pode reduzir significativamente a competitividade desses produtos nos Estados Unidos, que é um dos principais destinos de exportação para muitos desses países.
Esse aumento de custos pode resultar em menor volume de vendas e perda de participação de mercado para concorrentes de outras regiões, como América do Sul e Oceania.
Por outro lado, as indústrias lácteas e cárnicas norte-americanas se beneficiam de uma abertura estratégica na Europa, onde o consumo de lácteos importados tem crescido gradualmente.
O acesso preferencial, ainda sujeito a ratificação pelos órgãos legislativos de ambas as partes, permitirá que produtos como queijos, leite em pó e manteiga entrem na UE com barreiras reduzidas, potencialmente pressionando os preços internos e aumentando a concorrência para produtores locais.
Críticos do pacto argumentam que ele sacrifica interesses agrícolas europeus em prol de outros setores, como a indústria automotiva e tecnológica, que também foram contemplados com benefícios comerciais no acordo.
Além disso, há preocupações relacionadas aos padrões sanitários e de produção, já que os regulamentos nos EUA diferem em diversos aspectos daqueles aplicados na União Europeia.
Segundo analistas do setor, este pacto reflete a complexidade dos acordos de livre comércio globais, nos quais concessões em um setor frequentemente resultam em desvantagens para outro.
A Comissão Europeia, no entanto, defende que a medida visa estabilizar as relações transatlânticas, especialmente após um período de tensões comerciais que marcou administrações anteriores nos Estados Unidos.
O debate agora se concentra na ratificação do acordo e em eventuais medidas compensatórias que possam ser adotadas para apoiar os setores prejudicados.
Organizações de produtores de vinho e azeite já sinalizaram a intenção de pressionar governos nacionais e instituições da UE por mecanismos de compensação ou linhas de crédito que reduzam o impacto da nova tarifa.
Enquanto isso, o setor lácteo europeu observa com cautela a entrada dos lácteos americanos.
Embora os consumidores possam se beneficiar de maior oferta e, possivelmente, preços mais competitivos, há preocupações sobre desafios à produção local, especialmente em regiões dependentes da pecuária leiteira tradicional.
Em conclusão, o pacto comercial UE–EUA destaca a complexidade e as consequências assimétricas que podem surgir em negociações internacionais.
Para o setor lácteo, ele representa uma abertura que pode redefinir fluxos comerciais e pressionar estruturas de preços dentro da Europa, ao mesmo tempo em que cria obstáculos adicionais para exportadores de vinho e azeite, produtos emblemáticos da dieta e da economia europeias.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de seu Content Partner Fedeleche