Foi inaugurada na localidade Três Capões, em Boa Vista do Incra, a premiada Agroindústria Cabanha Ventana, que utiliza leite A2 na fabricação de queijos, doce de leite, manteiga e bebida láctea.
Participaram do ato, representantes da Emater/RS-Ascar, Júlio Paris e Erni Breitenbach, da Secretaria de Agricultura Pecuária Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) Silvio Albrecht, vereador Marcos Maciel, gerente da agência do Banrisul no município, Joseane Souza, e do poder público municipal Adriano Rezer. Um diferencial da Agroindústria Cabanha Ventana, administrada por Lóia Dias da Costa, é a utilização de leite com a proteína beta-caseína A2.
Além de facilitar a digestão de pessoas que possuem alergia a essa proteína, o leite A2 é produzido por vacas com genética A2A2, na fazenda da irmã e do cunhado de Lóia, Carmem Dias da Costa e Ulrico Beck. Uma pequena amostra da cartilagem da orelha das terneiras é enviada a um laboratório nos Estados Unidos, que fornece o genoma (código genético) do animal.
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Na “fotografia” do rebanho, a maioria das vacas Jersey da Cabanha Ventana tem genótipo A2A2, capazes de produzir leite com a proteína beta-caseína A2, muito valorizado pelo mercado. As vacas com genética A2A2 se diferenciam das vacas com genética A1A1, produtoras de leite com a proteína beta-caseína A1, uma proteína que pode causar desconforto digestivo em algumas pessoas.
O plantel leiteiro começou a ser formado em 1988, quando a mãe de Carmem, dona Lila, presenteou a filha com duas vacas. Com o passar do tempo, a produtora Carmem refinou o olhar e deu início a uma obstinada busca pela excelência, conciliando beleza e úbere bem formado. Em 2022, o casal Carmem e Ulrico conquistou o segundo lugar na categoria
Qualidade do Leite, do Prêmio Referência Leiteira, entregue durante a Expointer, em Esteio. “Nosso manejo é muito simples, é um feijão com arroz que deu certo”, justificou Carmem. “O diferencial da Cabanha Ventana está no manejo, no alimento de qualidade e na dedicação ao trabalho com o gado Jersey”, analisou o extensionista rural da Emater/RS-Ascar Rodimar dos Santos.
A greve dos caminhoneiros, em 2018, obrigou Carmem e Ulrico a jogarem fora o leite produzido com tantos cuidados. Sem caminhão para o transporte, o produto não podia sair da propriedade.
Foi um episódio triste, mas Carmem e a irmã, Lóia, não costumam chorar sobre o leite derramado. Veio à lembrança um antigo hábito do pai, João Antônio Dias da Costa, já falecido. “Lembrei do meu pai, que fazia a manteiga dele. Comprei uma desnatadeira e resolvi fazer também”, recorda Lóia.
A extensionista rural Francisca Bullé da Silva lembra que, no dia em que fez a primeira visita técnica à Cabanha Ventana, fazia frio pela manhã e havia chovido na véspera, no entanto, a alegria da visita deu contornos alegres às lembranças de Lóia. “Um belo dia, chegou o pessoal da Emater aqui e perguntou: gurias, por que vocês não fazem uma agroindústria? E aí começou a conversa”, disse Lóia.
A Agroindústria Cabanha Ventana recebeu acompanhamento técnico da Emater/RS-Ascar e da Prefeitura de Boa Vista do Incra. Em 2020, foi legalizada pelo Programa Estadual de Agroindústria Familiar (Peaf), coordenado no Estado pela Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), tendo sido inaugurada na quarta-feira.
Rapidamente, a Agroindústria Cabanha Ventana passou a acumular prêmios. Em setembro de 2023, o queijo de nozes e a manteiga com sal conquistaram a medalha de bronze no Mundial de Queijos, realizado em São Paulo. O evento reuniu 1.133 amostras, de 11 países. “É o mundo todo e a gente aqui, neste cantinho, ganhou. Eu fiquei muito feliz”, comemorou, na época, Carmem.
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Outro prêmio bastante celebrado foi a medalha de bronze na categoria Queijo Autoral e medalha de prata na categoria Doce de Leite, no 1º Concurso de Queijos Artesanais do Rio Grande do Sul, realizado no ano passado, em Porto Alegre. Cada troféu e certificado que chega é recebido com festa e responsabilidade. “Além de ter respeito pelos animais a gente tem de ter respeito pela outra ponta, que é o consumidor.
Precisamos fazer um leite o melhor possível para que estes consumidores saibam que estão consumindo um produto de alta qualidade”, concluiu a produtora rural e referência em qualidade de leite no Rio Grande do Sul, Carmem Dias da Costa.