Com o aumento da popularidade da proteína de micélio, o governo alemão está apoiando um novo projeto que visa transformar o grande volume de resíduos da indústria de laticínios em um ingrediente valioso utilizando fungos.
O soro de leite é o maior subproduto da indústria de laticínios em termos de volume, representando cerca de 80-90% do leite utilizado na fabricação de queijo.
O soro de leite é o maior subproduto da indústria de laticínios em termos de volume, representando cerca de 80-90% do leite utilizado na fabricação de queijo.

Com o aumento da popularidade da proteína de micélio, o governo alemão está apoiando um novo projeto que visa transformar o grande volume de resíduos da indústria de laticínios em um ingrediente valioso utilizando fungos.

A Universidade de Tecnologia de Hamburgo (TUHH) e a startup local de tecnologia alimentar Infinite Roots receberam uma verba de €2,6 milhões (US$ 2,8 milhões) do Ministério Federal da Alimentação e Agricultura da Alemanha (BMEL) para desenvolver uma tecnologia capaz de reaproveitar o soro de leite – subproduto líquido da produção de queijo – como matéria-prima para a fermentação de micélio.

O financiamento foi autorizado pelo parlamento alemão e será gerido pelo Escritório Federal de Agricultura e Alimentação (BLE), responsável por implementar os projetos do BMEL por meio do programa nacional de inovação.

 

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Por que a Infinite Roots quer reaproveitar o soro de leite?

O soro de leite é o maior subproduto da indústria de laticínios em termos de volume, representando cerca de 80-90% do leite utilizado na fabricação de queijo.

Globalmente, a produção anual de soro de leite gira em torno de 180 a 190 milhões de toneladas. Embora parte desse resíduo seja transformado em produtos de valor agregado, como proteína de soro, alimentos funcionais e ácido láctico, uma grande parcela ainda é descartada, o que gera custos econômicos e ambientais.

O soro de leite tem uma demanda bioquímica e química de oxigênio muito superior à de águas residuais, o que representa um desafio ambiental. Se descartado de forma inadequada, pode contaminar lençóis freáticos e prejudicar terras agrícolas.

O projeto apoiado pelo governo alemão busca resolver esse problema ao transformar o soro em matéria-prima para o cultivo de micélio, que seria usado na produção de novos ingredientes e produtos.

 

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O micélio, estrutura subterrânea dos cogumelos, forma uma rede de células em forma de filamentos que cresce rapidamente, com o mercado de micélio projetado para superar US$ 6,5 bilhões até 2032.

Parceria entre micélio e laticínios

A Infinite Roots já utiliza subprodutos industriais, como resíduos de grãos da fabricação de cerveja, para cultivar micélio destinado à produção de análogos de carne. “O soro de leite é uma alternativa interessante que pode gerar perfis de sabor únicos, mas requer ajustes no processo de fermentação para garantir que o micélio absorva eficientemente os nutrientes”, afirmou um representante da empresa ao site Green Queen.

O soro de leite, por ser um subproduto de baixo custo, também poderia reduzir os custos de produção no futuro. No entanto, a empresa está, por enquanto, focada em pesquisas e no aperfeiçoamento das tecnologias de fermentação.

Carne de micélio e aprovação regulatória na UE

Atualmente, a Infinite Roots trabalha na comercialização de sua linha de carnes veganas e utiliza apenas pequenas quantidades de soro de leite obtidas de laticínios locais para o projeto de pesquisa.

Embora os produtos atuais da empresa sejam veganos, a introdução do soro de leite pode alterar essa classificação, embora os alimentos resultantes possam ser altamente nutritivos e ricos em proteínas.

O projeto também oferece uma solução sustentável para a eliminação de resíduos, transformando o soro em uma fonte de receita. Segundo o CEO da Infinite Roots, Mazen Rizk, a tecnologia de upcycling otimizará o processo de fermentação e converterá um resíduo problemático em um recurso valioso, reduzindo custos e introduzindo práticas sustentáveis na indústria alimentícia.

 

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Diversas outras empresas de micélio estão colaborando com o setor de proteína animal. Nos EUA, a startup Bolder Foods fornece um produto semipronto de micélio para fabricantes de laticínios, enquanto a empresa finlandesa Enifer utiliza subprodutos lácteos como matéria-prima para alimentação humana e animal.

Além disso, a Quorn, gigante da indústria de micoproteínas, está fornecendo produtos de micélio em misturas com carne para hospitais no Reino Unido.

A TUHH também lidera uma campanha educacional, envolvendo jovens pesquisadores para promover a conscientização sobre o upcycling e as tecnologias alimentares sustentáveis, o que, segundo Rizk, dá ao projeto uma dimensão ainda mais interessante.

A Infinite Roots acredita que a combinação de micélio e soro de leite pode trazer benefícios à saúde, devido à natureza complementar dos ingredientes.

A empresa planeja lançar seu ingrediente derivado de resíduos de grãos de cervejarias, que está em fase final de desenvolvimento, nos próximos meses. A startup, que já captou US$ 73 milhões em investimentos, está em conversas com fabricantes de alimentos e planeja um lançamento inicial em categorias específicas de produtos.

Nos Estados Unidos, a Infinite Roots já obteve a certificação de segurança GRAS (Generally Recognized as Safe) e notificou a FDA, estando próxima de obter aprovação para entrar no mercado europeu. Na Ásia, a empresa já está pronta para oferecer seus produtos aos consumidores.

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