ESPMEXENGBRAIND
8 set 2025
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Projeto europeu transforma efluentes de laticínios em biofertilizantes, cortando dependência de insumos químicos.
Efluentes lácteos viram fertilizantes e reduzem poluição ♻️
Efluentes lácteos viram fertilizantes e reduzem poluição ♻️

Fertilizantes produzidos a partir de algas cultivadas em efluentes lácteos estão ganhando espaço como solução sustentável na Europa, reduzindo em até 25% o uso de fertilizantes minerais sem comprometer a produtividade agrícola.

No oeste da França, agricultores vêm participando de um projeto inovador que transforma águas residuais de fábricas de laticínios em fertilizantes de base biológica.

Segundo informações da Câmara de Agricultura de Charente-Maritime, as algas unicelulares cultivadas nesses efluentes alimentam-se da matéria orgânica presente, convertendo-a em biomassa vegetal rica em nitrogênio. Após a colheita, essa biomassa é desidratada e aplicada nos campos como adubo.

Cultivamos algas unicelulares em efluentes lácteos de uma fábrica de transformação de produtos alimentares”, afirmou Orhan Grignon, conselheiro para a agricultura e o meio ambiente da Câmara, em entrevista à Euronews.

As algas alimentam-se da matéria orgânica das águas residuais, transformando-a em biomassa vegetal. Em seguida, desidratamos essa biomassa e a aplicamos como fertilizante, pois é naturalmente rica em nitrogênio”.

Os testes integram o projeto WALNUT, uma iniciativa europeia dedicada à recuperação de águas residuais industriais e urbanas.

O coordenador do projeto, Francisco Corona Encinas, destacou que a abordagem é circular: além de reduzir a carga poluente desses fluxos, os nutrientes são reaproveitados para a agricultura, diminuindo a dependência de insumos químicos tradicionais.

Benefícios ambientais e econômicos

A produção convencional de fertilizantes nitrogenados demanda grandes quantidades de energia e gera emissões significativas de gases de efeito estufa. Ao recuperar nitrogênio diretamente dos efluentes lácteos e urbanos, o projeto contribui para mitigar esses impactos, poupando energia e reduzindo emissões.

Na estação de tratamento de água de Ourense, no norte da Espanha, mais de 600 litros de águas residuais urbanas são processados por segundo.

Conforme explicou Alicia González Míguez, gestora de projetos da CETAQUA, a unidade não apenas purifica a água antes de devolvê-la ao rio, mas também recupera nutrientes valiosos como nitrogênio e fósforo, que passam a integrar novos fertilizantes de base biológica.

Essa estratégia se alinha às metas europeias de reduzir a dependência de importações de fertilizantes minerais — atualmente impactada pelas tensões geopolíticas e pela necessidade de diminuir compras de insumos vindos da Rússia —, além de reforçar a resiliência dos sistemas alimentares do continente.

Aplicações no setor lácteo

Para a indústria de laticínios, esse modelo abre uma oportunidade dupla: minimizar o impacto ambiental de seus efluentes e, ao mesmo tempo, integrar-se a cadeias produtivas mais circulares e sustentáveis.

O reaproveitamento de águas residuais como insumo agrícola pode se tornar um diferencial competitivo, sobretudo em um mercado europeu cada vez mais pressionado por exigências ambientais e de rastreabilidade.

Especialistas apontam que, embora os testes indiquem uma redução de 25% no uso de fertilizantes minerais, a tecnologia ainda está em fase de validação comercial e demanda investimentos em infraestrutura e logística para coleta, tratamento e aplicação em escala.

Perspectivas para o futuro

O avanço de soluções como essa poderá alterar significativamente a forma como os setores agrícola e lácteo europeus lidam com seus resíduos. Se bem-sucedido, o modelo pode ser replicado em outras regiões com forte presença de laticínios e restrições ambientais cada vez mais severas, como Alemanha, Países Baixos e Dinamarca.

A União Europeia tem reforçado políticas para fomentar a economia circular e reduzir a pegada de carbono da agricultura, e projetos como o WALNUT se inserem nesse contexto como alternativas estratégicas.

*Adaptado para eDairyNews, com informações de Um só Planeta

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