Desde 30 de novembro de 2023, representantes de quase 200 países estão reunidos em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, para coordenar ações globais climáticas na 28ª Conferência do Clima da ONU (COP 28).
Tal abordagem é fundamental nos tempos atuais visto que assim como uma das metas da COP 28 é “Colocar a natureza, as pessoas e as comunidades no centro das ações climáticas, incluindo o auxílio para que os mais vulneráveis se adaptem às mudanças que já estão ocorrendo” a discussão deste evento paralelo tem como um dos objetivos explorar o papel dos alimentos territoriais de origem animal na segurança nutricional e na ação climática, em particular no caso de populações vulneráveis, incluindo mulheres e crianças.
Os objetivos deste evento foram fornecer uma abordagem holística e equilibrada sobre nutrição, sustentabilidade econômica e social e ação climática dentro dos sistemas agroalimentares, destacar a importância dos alimentos de origem animal terrestre para dietas nutritivas saudáveis, apoiar a sustentabilidade alinhada com os objetivos da ação climática e enfatizar a inclusão de alimentos de origem animal láctea e terrestre nos programas de alimentação escolar.
Os sistemas alimentares existentes são incapazes de satisfazer as necessidades de bem-estar da humanidade. Hoje, aproximadamente 9% da população mundial experimentam fome e 30% experimentam desnutrição, ao mesmo tempo em que dietas não saudáveis são a maior ameaça à saúde humana por doenças relacionadas ao estilo de vida. Com o planeta precisando alimentar e nutrir mais 1,2 bilhão de pessoas até 2040, enfrentar as questões que envolvem os sistemas alimentares tornou-se um dos desafios mais críticos e complexos para a humanidade. Esse desafio deve ser enfrentado em condições ecológicas, socioeconômicas e geopolíticas cada vez mais desafiadoras.
O painel do evento incluiu especialistas de 05 continentes, incluindo o Presidente do Subcomitê de Pecuária da FAO, Embaixador Carlos Cherniak, o Diretor da Divisão de Alimentação e Nutrição da FAO, Dra. Lynnette Neufeld, Representante do Diretor Geral do ILRI na Etiópia, Dr. Namukolo Covic, Vice-Diretor Geral, do Instituto Interamericano de Cooperação Agrícola (IICA), Sr. Lloyd Day, a Gerente da Fundação National Dairy Development Board (NDDB), Smriti Singh, Diretora de Defesa da Sustentabilidade da Danone, Jeanette Coombs, Líder de Fazenda Jovem da Organização Mundial de Agricultores (WFO), Evangelista Chekera, e a Diretora Geral do IDF, Caroline Emond.
O embaixador Cherniak em seu discurso de abertura afirmou que “É importante reconhecer que os trade-offs entre pecuária e sustentabilidade devem ser mais abordados para demonstrar como este setor crítico está fazendo esforços para se adaptar às mudanças climáticas”. E destacou que a pecuária é parte da solução para as mudanças climáticas”.
Outra contribuição importante foi da diretora da divisão de Alimentação e Nutrição da FAO, Dra. Lynnette Neufeld que explicou que “Há evidências substanciais de que o leite e os produtos lácteos têm resultados positivos para a saúde em todas as fases do curso da vida. Os alimentos de origem animal fornecem nutrientes essenciais importantes em formas altamente biodisponíveis, variando de acordo com a espécie animal, sistemas de alimentação, raça e ambiente de produção”.
Já o vice geral do IICA, Lloyd Day, reafirmou que o papel dos alimentos de origem animal nos programas de alimentação escolar é uma maneira insubstituível pela qual os países podem manter a nutrição e o crescimento das crianças.
Gerente da Fundação NDDB, Smriti Singh, destacou que “Os programas de leite escolar garantem mercados garantidos para o leite em geografias distantes e renda estável para os agricultores locais”, ela disse, e deu números concretos: “7% de diminuição em crianças de baixa estatura, 24% de aumento nos resultados de QI, 10% de aumento na frequência escolar”.
Jeanette Coombs-Lanot, Diretora de Advocacy de Sustentabilidade da Danone, falou sobre a relação entre nutrição e ação climática e como os laticínios são parte das soluções.
Ressaltou o projeto da empresa para transformar a agricultura de leite em todo o norte africano e que levou ao desenvolvimento de 05 iniciativas, ao empoderamento de 13.000 pequenos produtores de leite e ao fortalecimento da cadeia de fornecimento de leite.
A diretora-geral do IDF, Caroline Emond, concluiu enfatizando a necessidade de manter uma estratégia equilibrada que contemple nutrição, sustentabilidade econômica e social e ação climática dentro dos sistemas agroalimentares.
Durante suas considerações finais, Emond também defendeu a inclusão indispensável de alimentos lácteos e de origem animal terrestre nos programas de alimentação escolar, especialmente nos países em desenvolvimento, principalmente em crianças e adolescentes.
Corroborando com todas as ideias que estão sendo discutidas na COP 28 e também com a Federação Internacional de Lacticínios (IDF) e a Associação Europeia de Lacticínios (EDA) também a Tetra Pak, uma empresa multinacional de origem sueca, que fabrica embalagens para alimentos publicou um artigo em novembro de 2023 intitulado “Como os sistemas alimentares globais poderiam sustentar melhor nosso planeta e seu povo até 2040? ”*
Segundo o artigo o planeta precisa alimentar e nutrir 9,2 bilhões de pessoas até 2040 (ou seja, 1,2 bilhão a mais do que hoje), enquanto a humanidade precisa alcançar reduções significativas nas emissões de gases de efeito estufa (GEE), bem como proporcionar melhorias nas condições ecológicas do planeta para sustentar as gerações futuras.
O objetivo da empresa que produziu o artigo é contribuir para a transição por meio de tecnologias de processamento de alimentos e soluções de embalagem, impulsionado por quatro caminhos:1)Permitir a transição para uma produção leiteira mais sustentável;2) Inovar fontes de alimentos;3) Reduzir a perda e o desperdício de alimentos;4) Ampliar o acesso à nutrição segura por meio de embalagens sustentáveis de alimentos.
Destaca-se três áreas de foco global 1)Sustentabilidade da cadeia de suprimentos e segurança alimentar da fazenda à mesa; 2)Convergência de dietas saudáveis com diversas fontes proteicas, Dietas pessoais e hábitos de consumo saudáveis habilitados pela tecnologia e descarbonização; 3)parceria entre aqueles que são responsáveis por mudanças necessárias para a transição dos sistemas alimentares para atingir os objetivos proposto.
A sustentabilidade da cadeia de suprimentos e segurança alimentar da fazenda à mesa está relacionada com as práticas de higiene e saneamento, que afetam a exposição a patógenos e contaminantes e devem se difundir, inclusive na fase de consumo. Essa mudança requer intervenções oportunas, ajuda externa direta e sistemas de proteção social para quebrar os ciclos de mortalidade infantil e doenças transmitidas por alimentos, juntamente com o empoderamento econômico dos pequenos agricultores.
A convergência de dietas saudáveis com diversas fontes proteicas direcionando as preferências e padrões de consumo alimentar para alimentos mais ecológicos e saudáveis é necessária. Preciso entender que a super nutrição e obesidade, têm necessidades de mudança diferentes das regiões com desnutrição. Além disso, deve-se aumentar a consciência dos consumidores sobre a saúde e a capacidade de tomar decisões alimentares conscientes através do apoio de serviços digitais.
As inovações precisam visar uma melhor resiliência da oferta, produtividade, qualidade, segurança, acessibilidade e renda vital. Prevenir a perda de alimentos e utilizar o desperdício através da promoção dos princípios da economia circular. Adotar o fornecimento de energia de baixo ou nenhum carbono acessível e amplamente disponível para reduzir drasticamente as emissões em toda a cadeia de valor alimentar. Essa mudança depende fortemente do progresso feito na transição energética global para a descarbonização, que engloba a crescente adoção de fontes de energia renováveis e livres de carbono, por exemplo, energia solar, eólica e nuclear. Além disso, os combustíveis hipocarbónicas (por exemplo, biocombustíveis e hidrogénio verde) e a eletrificação.
Finalmente ações coletivas são necessárias uma vez que são fundamentais ações na colaboração multissetorial para a transição dos sistemas alimentares.
Os formuladores de políticas precisam fornecer opções legislativas e ações que permitam impulsionar melhorias ecológicas. São igualmente necessárias condições equitativas para que as empresas, através de práticas como a verdadeira contabilidade de custos, tenham em conta melhor os custos ambientais e sociais, bem como proporcionem salvaguardas às comunidades vulneráveis e aos pequenos agricultores. Algumas organizações não governamentais (ONGs) precisam desempenhar um papel ativo no desafio de colaboração na formulação de políticas. As empresas devem entender os impactos reais e potenciais nas pessoas e no meio ambiente. Isso requer a identificação de sua linha de base, seguida pela identificação de oportunidades e definição de ambição para impulsionar ações de transição.
Os consumidores com poder de compra adequado devem esforçar-se por obter uma melhor compreensão e ter um acesso mais fácil a escolhas alimentares saudáveis. Para consumidores em comunidades vulneráveis com acesso limitado ou capacidade de pagar por alimentos saudáveis, pode ser benéfico fazer parte da sociedade civil e envolver formuladores de políticas, empresas e ONGs para encontrar soluções colaborativas que apoiem suas necessidades.
Alinhada a essas ponderações a empresa Tetra Pak objetiva permitir a transição para uma produção leiteira mais sustentável e permitir a transição para sistemas alimentares mais seguros, sustentáveis e resilientes por meio de nossas tecnologias de processamento de alimentos e soluções de embalagem.
Reconhecendo o importante papel da produção e do consumo de laticínios nos sistemas alimentares, a empresa se concentra em permitir a transição para práticas leiteiras mais sustentáveis, abordando o impacto ambiental do processamento de laticínios, ao mesmo tempo em que apoiamos a produtividade, a lucratividade e os meios de subsistência dos pequenos agricultores. Objetiva promover a inovação e o desenvolvimento de fontes alternativas de proteína que exigem cadeias de suprimentos menos intensivas em recursos do que as proteínas convencionais e permitir a expansão de novas tecnologias alimentares para produzir essas novas fontes de alimentos em escala.
A empresa está reduzindo a perda e o desperdício de alimentos, desenvolvendo tecnologias de processamento de alimentos que ajudam a reduzir a perda de alimentos durante a produção, incluindo novas soluções para transformar fluxos laterais em produtos de valor agregado. Uso de soluções de embalagens assépticas também ajudam a reduzir o desperdício de alimentos, mantendo os produtos perecíveis seguros por mais tempo.
Conforme o documento produzido pela empresa com base na avaliação das principais forças primárias, STEEP (Social, Tecnológica, Ambiental, Econômica e Política) foram identificadas 11(onze) tendências-chave que deverão afetar o desenvolvimento a curto e médio prazo dos sistemas alimentares ao mesmo tempo em que apresenta desafios como a perda de terras para a agricultura, cadeias de suprimentos estendidas e aumento do desperdício de alimentos, particularmente em regiões com infraestrutura inadequada da cadeia de suprimentos, como cadeias de frio. São elas:
1.)População crescente da Ásia e da África;2).Aumento da urbanização em todo mundo;3) Mudanças alimentares emergentes.4.) Aumento do potencial de uso de ativos de dados vastos e diversificados.5) Adoção relativamente lenta de tecnologias dispendiosas.6.)Tecnologias emergentes com potencial disruptivo como inteligência artificial.7).Intensificação das alterações climáticas da biodiversidade.8).Esgotamento da terra e recursos naturais 9).Ameaça de globalização e protecionismo.10)Continuação de distribuição desigual de renda 11).Aceleração da emissão de GEE.
Infelizmente embora a linha de base dos sistemas alimentares forneça uma compreensão dos principais desafios atuais e projeções sobre o que poderia acontecer se eles continuassem na trajetória atual, o número de incertezas é muito alto para que alguém possa prever, com uma certeza razoável, como serão os sistemas alimentares em 2040.
Sendo assim discussões como as que estão ocorrendo na COP 28 e eventos como esse da Federação Internacional de Lacticínios (IDF) e a Associação Europeia de Lacticínios (EDA), são fundamentais para implementação dos objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e Acordo de Paris no que se refere aos sistemas sustentáveis.
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