Passados três anos e meio da fusão ente Embaré e Betânia, que deu origem à companhia, a Alvoar Lácteos, líder no segmento na região Nordeste, entra em uma nova fase: a de expansão.
“A gente passou muito tempo olhando para dentro, melhorando os processos, ganhando sinergias. Agora, estamos na condição de expandir”, diz Bruno Girão, CEO da Alvoar.
A empresa acaba de investir R$ 30 milhões na modernização e expansão da capacidade de produção de iogurtes em sua planta de Morada Nova (CE), a cerca de 170 quilômetros de Fortaleza.
No próximo passo, o foco será ampliar a produção de queijo. A companhia ainda avalia qual caminho seguirá nessa frente, se a expansão de suas próprias linhas de produção ou a compra de empresas que já atuam no segmento.
“Estamos muito atentos, olhando ativos de queijo. Temos marca, distribuição, e entendemos que se tivermos uma fábrica de queijo, isso vai acelerar nossa estratégia”, observa.
“Ainda não encontramos a empresa que faça ‘match’ conosco, mas vez ou outra aparece”, afirma ele.
A aposta da companhia em queijos e iogurtes tem razão de ser. Os dois segmentos estão crescendo em um ritmo bem acima da média da indústria de lácteos, enquanto as vendas de leite UHT e em pó seguem estagnadas no país.
Segundo dados da Nielsen, em 2024, as vendas destes últimos dois produtos apresentaram queda de 0,7% e 14% em volume, respectivamente.
Apesar de a Alvoar já possuir uma produção própria de queijos, Girão avalia que a empresa não tem escala para competir, de fato, neste mercado. “Diria que estamos brincando de produzir queijo, não entramos para valer na briga”, relata o executivo.
Balanço equilibrado
Outro ponto positivo para uma aquisição neste momento está na redução do nível de endividamento da companhia. Segundo Girão, o nível de alavancagem da Alvoar caiu de 6 vezes a dívida líquida sobre o Ebitda para 1,7 vez.
“Temos condições de fazer uma aquisição relevante sem colocar em risco a saúde da empresa de alguma maneira”, garante Girão.
Atualmente, a venda de queijos representa de 3% a 5% do faturamento da Alvoar, enquanto as de iogurtes giram em torno de 17%.
A meta, segundo Girão, é ao menos manter esses patamares, evitando aumentar a dependência da empresa dos segmentos de leite UHT e em pó.
“Comendo” leite
“Temos convicção de que esse negócio é a próxima grande fronteira do Brasil”, afirma o CEO. A avaliação parte da mudança dos hábitos de consumo observadas no setor.
Segundo o presidente da Alvoar, é como se o segmento estivesse vivendo um renascimento, com a valorização da proteína láctea. Para Girão, o consumidor não está mais bebendo leite, mas “comendo leite”.
*O jornalista viajou a convite da Alvoar