A Anuga 2025, maior feira global de alimentos e bebidas, reuniu em Colônia, Alemanha, mais de 8.000 expositores de 110 países e 145.000 visitantes de 190 nações, segundo dados da Koelnmesse GmbH. O evento, que confirmou o protagonismo da inovação em proteínas e da sustentabilidade, também apresentou um novo espaço dedicado às alternativas de origem vegetal: o Anuga Alternatives.
No pavilhão de laticínios, marcas tradicionais e startups mostraram como a inovação e a diversificação estão redefinindo o setor. Do kefir funcional às bebidas proteicas prontas para consumo, os lançamentos revelaram um ponto em comum: o avanço das proteínas naturais do leite e o crescimento das alternativas fermentadas à base de plantas.
Lácteos com alto teor de proteína ganham força
A grega Hellenic Dairies SA, por meio de sua marca Olympus Foods, apresentou o Drink Eat, um substituto de refeição elaborado com leite semidesnatado em vez de pó proteico. Cada porção de 500 ml fornece 35 g de proteína, 26 vitaminas e minerais, além de ser baixa em lactose e açúcares. O produto, disponível na Grécia e nos Bálcãs, busca atender consumidores que valorizam formulações limpas e naturais.
Segundo Stylianos Dikopoulos, da Hellenic Dairies, “há um enorme crescimento na categoria de proteínas em todos os produtos lácteos, do iogurte ao café”. A empresa também apresentou kefir com até 30 g de proteína, enriquecido com culturas probióticas como Bifidobacterium e Lactobacillus rhamnosus GG.
Inovação e tradição em harmonia
A holandesa Daily Dairy surpreendeu com o primeiro gouda holandês com cerveja real em sua formulação. Produzido em parceria com a cervejaria Paulus Abbey, o queijo amadurece por oito semanas e combina notas salgadas e frutadas. O produto é voltado para os mercados da Ásia e dos Estados Unidos. “Quando um produto tem uma história, ele funciona”, afirmou Manar Ibrahim, representante da empresa.
Outra tendência notável foi o crescimento do iogurte grego. A produtora Kri Kri, também da Grécia, relatou aumento de 40% nas exportações em 2025, impulsionado pela demanda por iogurtes coados, com alto teor de proteína e baixo teor de gordura, principalmente nos mercados do Reino Unido, Itália e Áustria.
Plant-based: fermentação e funcionalidade
No segmento de alternativas, a italiana Dreamfarm chamou atenção com sua mozzarella fresca à base de amêndoas e castanhas locais. Diferente das versões que utilizam amidos, o produto é fermentado naturalmente, garantindo sabor e textura superiores. A linha, lançada em 2023 após três anos de pesquisa, já está presente nas principais redes de varejo da Itália, Bélgica, Holanda e Alemanha.
O desafio, segundo Giovanni Menozzi, é educar o setor de foodservice: “É preciso explicar por que este produto é diferente e como pode atender novos perfis de consumo, como os veganos”.
Também em destaque, a italiana Mand’or apresentou sua bebida vegetal de pistache torrado, com quase 5% de fruto seco por litro, conferindo cor e sabor intensos de forma natural. O produto foi selecionado para a Anuga Innovation Gallery e reforça a tendência de bebidas premium à base de oleaginosas.
Café, leite e proteínas: união perfeita
O segmento de bebidas prontas também mostrou força. A finlandesa Frezza lançou um shake proteico com café espresso, enriquecido com vitamina D e 20 g de proteína por 100 ml, totalmente sem lactose e certificado pela Rainforest Alliance.
A sueca Oatly, por sua vez, apresentou o BaristaMatic, uma versão reformulada de sua bebida vegetal de aveia para máquinas automáticas de café, com menor sedimentação e mesma cremosidade do produto original. O lançamento é voltado exclusivamente ao setor de foodservice na Europa.
Kefir e bebidas fermentadas em ascensão
O kefir foi outro protagonista da feira. Além dos lançamentos lácteos, como os da Laciaty (Mlekpol, Polônia) e Luxlait (Luxemburgo), o evento destacou versões sem leite, como o Plant Kefir da Fermentful (Letônia), feito com trigo-sarraceno verde fermentado. Rico em polifenóis, ferro, cobre e manganês, o produto representa uma nova fronteira para os fermentados funcionais.
A edição 2025 da Anuga confirmou que o futuro do setor passa pela integração entre funcionalidade, sabor e sustentabilidade, com o leite e suas proteínas naturais ainda no centro da inovação — mesmo diante do avanço das alternativas vegetais.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Dairy Reporter