O colapso silencioso da cadeia leiteira do Rio Grande do Sul ganhou palco nesta semana durante a inauguração da Whey do Brasil. Aproveitando o evento, a APIL — Associação das Pequenas e Médias Indústrias de Laticínios — entregou oficialmente ao governador Eduardo Leite um pedido de socorro ao setor.
Os números falam por si: o estado, que já foi protagonista na produção nacional de leite, hoje amarga a 4ª posição no ranking, perdendo espaço para outras regiões. Indústrias operam com 36% de ociosidade, e pequenos municípios rurais enfrentam o êxodo de produtores e o fechamento de postos de trabalho.
O que a APIL propõe:
- Criação de um Programa de Incentivo à Produção Leiteira, com crédito rural acessível e juros compatíveis à realidade dos produtores;
- Implementação de um Fundo Permanente de Desenvolvimento do Produtor de Leite, que subsidie investimentos em tecnologia, modernização e mecanização das propriedades;
- Redirecionamento de parte dos recursos de programas existentes, como o de Recuperação de Solos, para ações diretas que revitalizem a produção de leite.
A associação destaca, ainda, dados do Ministério da Agricultura que comprovam o impacto econômico da cadeia: cada R$ 1 investido no leite gera R$ 3,40 na economia local. “É hora de agir!”, reforça o comunicado.
Segundo levantamento do IBGE, o Rio Grande do Sul registrou queda consistente no volume de leite nos últimos anos, reflexo da combinação entre altos custos de produção, seca histórica e políticas públicas insuficientes.
O alerta vem acompanhado de um paradoxo: enquanto se inaugura uma nova unidade industrial de derivados, a matéria-prima escasseia. “Não adianta abrir fábricas se o campo está esvaziado”, pontuam representantes da APIL.
A crise gaúcha se soma a um cenário nacional de desafios, onde o leite enfrenta pressão de custos, concorrência internacional e, em muitos estados, a falta de incentivos concretos à produção.
Para onde vai o leite do Sul? Essa é a pergunta que a APIL deixa no ar, enquanto cobra ações efetivas do governo Eduardo Leite para impedir o colapso definitivo de um setor vital para a economia e a segurança alimentar do estado.