ESPMEXENGBRAIND
8 dez 2025
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🍼 Identificar APLV exige rigor e paciência: exames isolados não confirmam o diagnóstico.
APLV: diagnósticos sob revisão e desafios no consultório 👶📉
APLV: diagnósticos sob revisão e desafios no consultório 👶📉

APLV tornou-se uma das principais causas de queixas pediátricas nos primeiros anos de vida, e sua complexidade clínica vem sendo reforçada por especialistas brasileiros ligados ao ILSI-Brasil.

Segundo os autores do documento “Alergia à Proteína do Leite de Vaca: Uma Abordagem Prática”, a APLV representa hoje um problema de saúde pública, com repercussões diretas na saúde da criança e no bem-estar das famílias.

As manifestações, atribuídas pelos especialistas, podem envolver trato gastrointestinal, pele, sistema respiratório e até anafilaxia — reforçando o caráter sistêmico da doença.

Apesar de frequente na rotina do consultório pediátrico, a prevalência real da APLV permanece um desafio. Os autores destacam que estimativas variam enormemente dependendo do método utilizado: percepção dos pais, sensibilização por testes cutâneos ou IgE, resposta à dieta de eliminação ou teste de provocação oral.

Pesquisas internacionais mencionadas no documento apontam que, embora 3,8% dos lactentes tenham suspeita inicial, apenas 0,54% são confirmados por provocação.

Ainda assim, consensos clínicos aceitam que cerca de 2% a 3% dos lactentes apresentem APLV — enquanto um número muito maior exibe sintomas inespecíficos que acabam confundindo o diagnóstico.

A definição apresentada pelos autores reforça que a APLV é uma hipersensibilidade alimentar causada por resposta imunológica anormal às proteínas do leite de vaca.

Pode ocorrer de forma imediata (mediada por IgE), tardia (mediada por células, sem IgE) ou mista. Essa distinção é fundamental porque determina o tipo de manifestação e a abordagem diagnóstica.

No consultório, a suspeita começa pela anamnese detalhada. Narrativamente, os especialistas indicam que muitos sintomas se sobrepõem a outros quadros comuns da infância, como refluxo, cólica ou distúrbios funcionais.

Em um levantamento citado no documento, envolvendo 159 lactentes atendidos por gastroenterologistas pediátricos brasileiros, quase metade apresentava apenas manifestações gastrointestinais. A perda nutricional mais recorrente era o prejuízo no comprimento para a idade — revelando o impacto potencial no crescimento.

Outro ponto reforçado pelos autores é o papel limitado dos exames. Sensibilização não equivale a alergia. A dosagem de IgE específica e o teste de puntura cutânea são úteis apenas na suspeita de formas mediadas por IgE.

Para as apresentações tardias, nenhum exame substitui a dieta de eliminação seguida do teste de provocação oral. O documento enfatiza que testes como IgG, patch test, sangue oculto, calprotectina e outros marcadores não devem ser utilizados para diagnóstico de APLV.

A dieta de eliminação — adotada quando há suspeita consistente — deve levar à melhora dos sintomas em dias ou semanas. Porém, os autores alertam que resposta clínica favorável não confirma APLV.

Apenas uma parte dos lactentes que melhoram com a exclusão confirma a alergia no teste de provocação. Isso é relevante especialmente para políticas públicas, já que fórmulas especiais têm alto custo.

O teste de provocação oral, descrito como o “padrão-ouro”, é parte central do processo. Realizado após recuperação clínica, deve ocorrer sob supervisão médica e varia conforme o mecanismo imunológico.

Reações imediatas costumam surgir em minutos; tardias podem levar dias ou semanas para se manifestar. Para grande parte dos lactentes, o desafio aberto é suficiente, segundo referências citadas pelos especialistas.

No campo da prevenção, o documento revisa evidências recentes. Pesquisas relacionadas a amendoim e ovo mudaram as diretrizes globais, mas a introdução precoce de leite de vaca ainda não apresenta resultados conclusivos.

Estudos observacionais mostram achados conflitantes, e as recomendações internacionais continuam priorizando aleitamento materno exclusivo até 6 meses e introdução alimentar normal após esse período, sem atrasos deliberados.

No tratamento, os especialistas reforçam pilares essenciais: exclusão rigorosa, nutrição adequada, orientação familiar e avaliação periódica da tolerância.

As fórmulas extensamente hidrolisadas devem ser toleradas pela grande maioria dos bebês com APLV; fórmulas de aminoácidos são reservadas para quadros graves ou refratários. Para maiores de seis meses, fórmulas de soja ou alternativas à base de arroz podem ser consideradas.

O texto ressalta ainda que a tolerância costuma surgir mais cedo nas alergias não mediadas por IgE, enquanto crianças com APLV IgE-mediada — especialmente quando já houve anafilaxia — podem levar muitos anos para alcançar tolerância. Em alguns casos, alimentos com leite processado a altas temperaturas podem acelerar esse processo.

O panorama apresentado pelo documento reforça que a APLV exige cautela, diagnóstico criterioso e acompanhamento contínuo. A mensagem central dos especialistas é clara: não há atalhos, e uma condução cuidadosa evita superdiagnósticos, restrições alimentares desnecessárias e riscos à saúde infantil.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Nutri Total

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