Apesar da queda nas bolsas, das mudanças na ordem comercial mundial e da instabilidade geral, segundo se afirma, partiu de Paris a ordem para que a filial argentina da Danone comprasse a La Serenísima.
Trata-se da principal empresa láctea da Argentina, com vendas de US$ 1,4 bilhão em 2024, US$ 600 milhões a mais que em 2023, uma dívida administrável de cerca de US$ 30 milhões, oito plantas industriais, uma filial próxima a São Paulo no Brasil e 3.400 funcionários.
Na segunda-feira 28, a Arcor, da família Pagani, e a francesa Danone — que em 2020 haviam concluído a compra de 49% da La Serenísima — exerceram a opção prevista naquele contrato para alcançar os 100%. Informaram à Comissão Nacional de Valores às 18h, sem indicar o preço.
Esse contrato contém uma fórmula que define o valor, mas, a julgar pelo que ocorreu duas horas depois, às 20h, há interpretações diferentes sobre como aplicar a fórmula para se chegar ao preço.
Para Flavio e Antonio Mastellone, sócios juntamente com o fundo Dallpoint de Carlos Agote na La Serenísima com 51%, o valor oferecido foi considerado muito baixo. Reagiram energicamente e tornaram público o seu repúdio. Em General Rodríguez, sede da empresa, falou-se em uma oferta hostil.
A Danone ficou com sobremesas, iogurtes, cream cheese e a monumental rede de distribuição que atualmente entrega 95% dos produtos da La Serenísima.
Se a união se concretizar agora, La Serenísima cresceria em leite, manteiga, doce de leite e outros laticínios. Nasceria uma empresa de grande porte com 50% de participação da Danone e 50% da Arcor.
Esse formato societário permitiria, segundo norma contábil, tanto à Danone quanto à Arcor atenuar balanços negativos, já que a nova empresa não se consolida nos seus próprios balanços.
De fato, a nova companhia, se concretizada, seria parte de um movimento de reestruturação nas empresas lácteas, acompanhando a fragilizada SanCor e a expansão de companhias francesas com forte presença na bacia leiteira argentina — considerada uma das mais promissoras do mundo.
É o caso da Lactalis, que adquiriu a Ilolay, e da Savencia, com a Milkaut.
Claro que, no caso da La Serenísima, Arcor e Danone terão que convencer o atual presidente Carlos Agote, do fundo de investimento Dallpoint Investments, e Antonio e Flavio Mastellone, que concentram os 51%.
Traduzido e adaptado para eDairyNews 🇧🇷