ESPMEXENGBRAIND
14 jul 2025
ESPMEXENGBRAIND
14 jul 2025
Um acordo bilateral em fase avançada prevê eliminar tarifas para 80% das exportações argentinas. Para o setor lácteo, isso pode abrir uma oportunidade concreta de crescimento em um dos mercados mais competitivos do mundo.
Argentina. O impacto mais imediato para os lácteos seria a eliminação da tarifa de 10% que incide, desde 2018, sobre produtos como leite em pó, soro de leite, manteiga e queijos argentinos.
O impacto mais imediato para os lácteos seria a eliminação da tarifa de 10% que incide, desde 2018, sobre produtos como leite em pó, soro de leite, manteiga e queijos argentinos.

Argentina e Estados Unidos teriam alcançado os pontos centrais de um novo acordo comercial que prevê a eliminação de tarifas para 80% dos produtos argentinos que entram no mercado norte-americano.

A informação foi divulgada pela Bloomberg Línea e repercutida por veículos nacionais, em meio a expectativas crescentes por parte de setores produtivos que veem nesse entendimento uma via para reposicionar a Argentina como fornecedor confiável no hemisfério ocidental.

Embora o texto final e a lista definitiva de produtos ainda não tenham sido publicados, fontes diplomáticas indicam que as negociações estão em fase muito avançada.

O anúncio formal, segundo essas fontes, pode acontecer nos próximos dias. Caso confirmado, o acordo marcaria um ponto de inflexão na relação bilateral e abriria novas oportunidades para setores estratégicos, entre eles, o setor lácteo.

O impacto mais imediato para os lácteos seria a eliminação da tarifa de 10% que incide, desde 2018, sobre produtos como leite em pó, soro de leite, manteiga e queijos argentinos.

Essa sobretaxa foi imposta pela administração Trump como parte de uma política protecionista mais ampla e, até agora, limitava a competitividade da oferta argentina frente a fornecedores com acesso preferencial ou isenção tarifária.

A possível retirada dessa tarifa representaria uma melhora direta nas margens de exportação, permitindo oferecer preços mais competitivos sem sacrificar a rentabilidade. Em um mercado exigente como o dos EUA, onde qualidade, rastreabilidade e custos são determinantes, qualquer ganho em preço pode fazer a diferença.

Segmentos-chave com demanda crescente nos EUA

  • Concentrados de proteína do leite (Milk Protein Concentrates): foram o segmento de maior receita entre os lácteos importados nos EUA durante 2024.
  • Leite em pó integral: nos primeiros meses de 2025, as importações aumentaram 8% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

 

Nesse contexto, é importante observar as políticas de lobby que os industriais argentinos possam exercer para habilitar novas plantas exportadoras e garantir cotas de produtos no mercado americano.

A abertura tarifária, por si só, não garante o acesso efetivo, se não for acompanhada de gestões ativas e condições técnicas que permitam concretizar as oportunidades.

Por outro lado, a Argentina poderia ganhar vantagem sobre outros atores regionais como o Brasil, cujos produtos lácteos enfrentam tarifas muito mais elevadas – em alguns casos, de até 50% – para entrar no mesmo destino.

Essa diferença tarifária pode se traduzir em um aumento real de participação de mercado, especialmente em categorias onde os dois países competem fortemente, como o leite em pó.

Além do impacto sobre as exportações, o acordo pode gerar efeitos positivos em toda a cadeia produtiva. Um acesso mais fluido ao principal mercado do mundo implicaria maior volume vendido, mais entrada de divisas e um impulso à demanda primária.

Isso, por sua vez, beneficiaria a atividade nos campos, nas plantas industriais, nos serviços logísticos e na geração de empregos.

A abertura do mercado norte-americano também impõe desafios e oportunidades em termos de padrões sanitários e comerciais.

Para manter a competitividade, muitas empresas precisarão investir em melhorias de qualidade, certificações sanitárias e rastreabilidade, o que, a longo prazo, fortalecerá a reputação internacional da indústria láctea argentina.

O acordo, no entanto, não está isento de tensões. Foi negociado fora do Mercosul, o que, embora não viole normas, pode gerar atritos com parceiros como o Brasil, que podem se sentir ameaçados em sua posição em um dos mercados mais cobiçados do continente.

Em um contexto regional cada vez mais fragmentado, esse tipo de movimento pode ter repercussões políticas e comerciais.

Além disso, ainda há aspectos a definir. Não se conhece a lista exata de produtos incluídos, os requisitos técnicos nem a data concreta em que as novas condições entrarão em vigor. A sustentabilidade do acordo também dependerá do clima político entre os dois países.

A afinidade entre os presidentes Javier Milei e Donald Trump teria sido decisiva para destravar esse avanço, mas o cenário pode mudar com futuras administrações.

O que hoje se apresenta como uma porta aberta para o mercado mais competitivo do mundo pode se transformar em um motor de crescimento para a indústria láctea argentina. Se as condições prometidas forem consolidadas, o setor tem uma oportunidade concreta de dar um salto estratégico.

Mas o verdadeiro desafio será manter a competitividade, responder com qualidade e construir relações comerciais estáveis em um mundo que, mais uma vez, está redefinindo suas regras.

Natalia Ayala
EDAIRYNEWS

Te puede interesar

Notas Relacionadas