Em declínio, com uma perda de 60% na quantidade de produtores de leite em oito anos, o setor leiteiro é defendido por um número minguante mas aguerrido de criadores no Rio Grande do Sul.
Mesmo sob dificuldades provocadas pelo contraste entre preços baixos e altos custos de produção, a parcela dos resistentes afirma que o amor pela atividade e a tentativa de não desperdiçar investimentos que chegam a somar mais de R$ 1 milhão acumulados explicam a insistência em tentar tirar leite de pedra.
Morador de Vista Alegre, no norte gaúcho, Jean Stanga, 36 anos, assumiu a propriedade do sogro e se deparou com uma série de dificuldades partilhadas por quem se dedica à ordenha dos animais nos últimos anos.
— A gente pega no trabalho de segunda a segunda, não tem feriado ou final de semana, e é difícil achar alguém interessado em prestar serviço nessa área. Sigo trabalhando porque já temos bastante capital colocado na propriedade e por amor à atividade — resume Stanga.
— Pra mim, hoje, pagando tudo o que devo e um funcionário que trabalha comigo, sobra uns R$ 1,8 mil. A gente segue só para não perder o que tem — argumenta o produtor de Vista Alegre.
Segundo Stanga, desistir de tudo significaria abrir mão também de quase R$ 1,5 milhão já destinados ao estabelecimento em infraestrutura, maquinário e outras melhorias.
Aposta em produtividade
Fabrícia Beppler, 35 anos, herdou a lida do pai, Paulo Beppler, 68, e ao lado do marido aposta em mais investimentos para conseguir ampliar a produtividade dos 23 animais e garantir a viabilidade do negócio. Há poucos meses, aplicou R$ 230 mil em um compost barn (espécie de galpão para abrigar as vacas) com ventilador para os dias mais quentes.
— Mas viver só do leite hoje é complicado, então também produzimos aipim. A principal vantagem da produção leiteira é que é uma renda certa todo mês, não depende tanto de outros fatores — argumenta Fabrícia.
Como resultado do esforço dos criadores gaúchos de aumentar a produtividade dos animais, a média de litros produzida por cada vaca no Estado saltou de menos de 12 ao dia em 2015 para pouco mais de 16 em 2023, de acordo com relatório divulgado pela Emater.
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