ESPMEXENGBRAIND
18 nov 2025
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🧀 Ex-ator dos EUA transforma o amor pelo queijo em uma carreira global, cheia de viagens, prêmios e uma comunidade apaixonada.
A história de Nick Bayne é a prova de que mudanças radicais podem levar a destinos surpreendentes — especialmente quando o protagonista é o queijo.
A história de Nick Bayne é a prova de que mudanças radicais podem levar a destinos surpreendentes — especialmente quando o protagonista é o queijo.

O queijo foi o protagonista da grande virada na vida de Nick Bayne, um norte-americano que trocou os palcos de Nova York por uma carreira brilhante no mundo dos queijos artesanais do Reino Unido.

Hoje head cheesemonger da The Fine Cheese Co., em Bath, Bayne coleciona prêmios, viaja o mundo como jurado e se tornou uma figura querida entre especialistas e fãs — a comunidade global de “cheese nerds”, como ele descreve com humor.

Antes de o queijo entrar definitivamente em cena, Bayne viveu intensamente a vida artística. Formado pela University of Utah e pela Royal Scottish Academy, ele mergulhou no teatro musical, ensaios exaustivos e apresentações em pequenas e médias produções.

Mas a competitividade extrema e a sensação de que a carreira dependia mais de conexões do que de talento acabaram pesando. Segundo contou, seus empregos paralelos eram sempre ligados à gastronomia, por escolha e afinidade. “Eu não conseguia trabalhar em algo que não me desse prazer”, relembrou.

O ponto de virada surgiu quando ele começou a trabalhar em um deli italiano gourmet em San Francisco. Apaixonado por vinhos, Bayne chegou a considerar tornar-se sommelier caso o teatro não fosse sustentável.

Entretanto, colegas igualmente encantados pela cultura do leite o apresentaram ao universo dos queijos artesanais. Ali, entre queijos europeus, queijos de fazenda e histórias de produtores, ele sentiu a mesma emoção que o teatro lhe trazia — só que sem a rigidez das audições e da indústria cultural. “Eu simplesmente me apaixonei”, disse.

A decisão de deixar o teatro por completo veio em 2013. Para ele, o ambiente artístico se mostrava fechado, elitista e saturado, enquanto o mercado do queijo era o oposto: acolhedor, aberto ao diálogo e apaixonado pelo compartilhamento de saberes.

Depois de trabalhar na icônica Dean & DeLuca, em Soho, Bayne se mudou para o Reino Unido — “parte por causa do queijo, parte por causa do casamento”, brincou — e mergulhou definitivamente no cenário britânico, um dos mais respeitados do mundo na produção e maturação de queijos artesanais.

No campo da formação, Bayne explicou que o caminho de um cheesemonger pode seguir rotas formais, como a Academy of Cheese britânica ou os exames da American Cheese Society nos EUA. Também falou de certificações tradicionais na França e de guildas históricas, como a Gilde des Fromagers, da qual faz parte.

Mas destacou que o setor também acolhe perfis muito variados: músicos, advogados, psicólogos, cientistas, profissionais do vinho, artistas. Para ele, a diversidade é uma riqueza essencial do ofício.

O queijo, entretanto, levou Bayne muito além das lojas e câmaras de maturação. Ele contou que já “correu atrás de queijo” até mesmo durante férias, tropeçando em produtos e tradições lácteas em países como Egito, Tunísia, Malta, Israel, Itália e Grécia.

Entre suas descobertas favoritas está um queijo circassiano fresco, feito com leite cru de ovelha e cabra, encontrado em uma fazenda de búfalos em Israel. Segundo ele, momentos como esse mostram o quanto o queijo é, ao mesmo tempo, alimento, cultura e memória.

Quando questionado sobre o que diferencia um queijo comum de um excepcional, Bayne destacou dois elementos indispensáveis: origem e sabor. Para ele, a história das mãos que ordenham, viram, salgam e cuidam do produto é parte do encanto. Mas o sabor — complexo, equilibrado, persistente — é o que de fato marca o paladar e torna um queijo inesquecível.

No atendimento diário, Bayne observa que consumidores buscam cada vez mais qualidade e assertividade. Em tempos economicamente difíceis, um queijo especial é um investimento emocional e gastronômico, e por isso a escolha precisa ser certeira.

“Não se trata apenas de vender queijo. É proporcionar uma experiência”, afirmou. Para ele, o contato direto com um time apaixonado faz toda a diferença na fidelização.

Sobre tendências como queijos hiper-proteicos ou versões de baixa caloria, Bayne mantém uma visão equilibrada. Afirma que jamais “envergonharia” alguém por suas escolhas, mas reforça que o queijo, consumido com moderação, é naturalmente nutritivo. E deixa uma recomendação honesta: “Se você precisa comer menos, que seja o mais delicioso possível.”

A história de Nick Bayne é a prova de que mudanças radicais podem levar a destinos surpreendentes — especialmente quando o protagonista é o queijo.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Dairy Reporter

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