O crescimento na oferta de leite e produtos lácteos em Mato Grosso, que se intensificou nos últimos dois meses, tem pressionado os preços de toda a cadeia. O valor pago ao pecuarista pela matéria-prima em dezembro, referente à captação de novembro, caiu 7,21%, para R$ 1,03 por litro. Na indústria, o queijo mozarela baixou 7,14%, a R$ 15,60 por quilo, enquanto o leite UHT recuou 22,08%, para R$ 2,40 por litro.
Os dados foram divulgados no levantamento mensal do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) sobre a pecuária leiteira. Na contramão, o Índice de Captação Leiteira (Icap-L)/Imea registrou avanço de 11,94%.
Com base em dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o Imea destaca que o recuo nos preços do leite foi ainda mais expressivo na média Brasil, com queda de 9,40% na variação mensal, para R$ 1,23 por litro. Desta forma, o diferencial entre o preço pago em Mato e o da média nacional se estreitou em 19,02%, para apenas R$ 0,20.
Sobre o portfólio de produtos no Estado, os analistas do instituto afirmam que, em 2018, o poder de compra das famílias limitou o consumo de produtos de maior valor agregado, assim como o alto nível de desemprego. Desta forma, a demanda ficou limitada a leite UHT, ricota, queijo prato e mozarela. “Enquanto a economia não melhorar de forma mais robusta, a indústria não terá o incentivo para diversificar seu portfólio de produtos”, alerta o Imea.
Clima
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) indicou em seu prognóstico climático que o fenômeno El Niño pode ocorrer no verão da safra 2018/19 no Brasil. Para o Centro-Oeste, ainda não se sabe qual será o efeito do fenômeno sobre o regime de chuvas no período. Portanto, o Imea ressalta que os pecuaristas terão que se precaver e programar as aplicações de adubo nas pastagens de modo mitigar os efeitos do El Niño.
“Vale ressaltar que o preço da ureia em novembro/18 registrou um dos maiores patamares de preços dos últimos anos, cabendo ao produtor escolher se compensa a aplicação ou se vale a pena correr o risco”, acrescentam os analistas do Imea.