Preço do leite ao produtor voltou a cair no Brasil em julho de 2025, segundo o boletim Indicadores Leite e Derivados – Setembro/2025, elaborado pelo Cepea em parceria com o Deral e a Embrapa Gado de Leite.
O valor médio nacional foi de R$ 2,63 por litro, com retração de 0,9% em relação a junho e queda acumulada de 3,6% em 12 meses.
De acordo com o estudo, a relação de troca leite/mistura apresentou melhora em julho, quando comparada tanto ao mês anterior quanto ao mesmo período de 2024.
Foram necessários 29,3 litros de leite para a compra de uma saca de 60 kg de mistura (70% milho e 30% farelo de soja), indicador importante para a viabilidade da produção.
No varejo, a cesta de lácteos registrou queda de 0,4% em agosto, em linha com a desaceleração dos preços no setor.
Em 12 meses, no entanto, o acumulado foi de alta de 3,4%, abaixo da inflação oficial do país, medida pelo IPCA, que ficou em 5,1% no período. Entre os produtos pesquisados, o leite em pó registrou a maior elevação mensal, de 0,2%, enquanto o leite UHT apresentou a maior queda, de 1,0%.
Comércio exterior: importações em queda, mas déficit elevado
As importações brasileiras de leite e derivados alcançaram 161 milhões de litros equivalentes em agosto de 2025. O resultado representou queda de 6,5% em relação a julho e de 12,2% frente a agosto de 2024. O principal produto importado segue sendo o leite em pó.
Por outro lado, as exportações caíram 4,8% em agosto frente ao mês anterior, somando 5,2 milhões de litros equivalentes. Na comparação anual, contudo, houve alta de 26,9% em relação a agosto de 2024, evidenciando recuperação parcial das vendas externas.
Apesar desse movimento, o saldo da balança comercial de lácteos permanece deficitário. No acumulado de 2025, o déficit foi de US$ 626 milhões, equivalente a 1,364 bilhão de litros de leite.
Pressão internacional: preços do leite em pó em queda
No cenário internacional, os preços do leite em pó também registraram queda em setembro de 2025. O leite em pó integral recuou 5,3% na primeira quinzena do mês em relação a agosto, sendo cotado a US$ 3.809 por tonelada.
Já o leite em pó desnatado caiu 5,8%, chegando a US$ 2.620 por tonelada, segundo dados do Global Dairy Trade (GDT) destacados no boletim.
Essa desvalorização internacional impacta diretamente a competitividade da produção nacional e a formação de preços internos, já que o Brasil é um dos principais importadores de leite em pó na América Latina.
Contexto do setor
O boletim, coordenado por pesquisadores da Embrapa Gado de Leite e do Cepea, reforça que o desempenho do setor em 2025 tem sido marcado por volatilidade. De um lado, os preços internos ao produtor mostram tendência de queda, pressionando margens.
De outro, o mercado externo apresenta oportunidades pontuais de exportação, mas ainda insuficientes para equilibrar a balança comercial.
No médio prazo, a expectativa é de que fatores como o custo de produção, a demanda doméstica e a dinâmica das importações continuem determinando o rumo do mercado de leite e derivados no Brasil.
