Barbacena está prestes a entrar no mapa global da nutrição funcional com a instalação da fábrica da Bees-Bee Alimentos LTDA, que posicionará a cidade mineira como um dos principais polos brasileiros na produção de whey protein.
O projeto, orçado em R$ 70 milhões, traz tecnologia de ponta e promete impactos estruturantes para a cadeia leiteira de Minas Gerais.
A fábrica será apenas a segunda do Brasil com capacidade de produzir whey protein concentrado (80% de pureza) e isolado (95%) em escala industrial — a primeira está no Paraná.
Isso coloca Minas Gerais em evidência no competitivo setor de biotecnologia alimentar e ingredientes de alto valor agregado.
O empreendimento pertence à holding do empresário Dr. Nicolau Carvalho Esteves, reconhecido como Cidadão Honorário de Barbacena, e é fruto de uma articulação que contou com apoio do ex-senador Hélio Costa.
Originalmente projetada para outro estado, a unidade foi redirecionada a Barbacena graças à sua localização estratégica, infraestrutura logística e condições climáticas ideais para o processo de secagem industrial.
Impacto econômico e tecnológico
Com previsão de ocupar uma área de 6.000 m², a fábrica da Bees-Bee Alimentos deve gerar entre 120 e 150 empregos diretos — sendo que 80% dessas vagas devem ser ocupadas por moradores da própria região.
A planta terá alta automação e capacidade inicial de processar 800 mil litros de soro de leite por dia, podendo atingir até 2 milhões de litros na fase plena.
A movimentação diária envolverá até 40 carretas transportando matéria-prima, evidenciando o peso logístico da operação.
Além do whey protein, a unidade também irá produzir álcool potável e biogás, aproveitando ao máximo os subprodutos da cadeia leiteira e fortalecendo o conceito de economia circular.
Nova era para o soro de leite em Minas
Por muitos anos tratado como resíduo, o soro de leite ganhará status de matéria-prima nobre com a chegada da Bees-Bee.
Isso representa uma revalorização significativa para a indústria e para os produtores rurais, que poderão contar com uma fonte adicional de receita ao longo de todo o ano.
Além disso, o projeto deve elevar o padrão de qualidade do leite na região, já que exigirá matéria-prima qualificada e rastreável para garantir a performance dos derivados.
Isso poderá induzir uma modernização nos laticínios locais, com benefícios em cascata para toda a cadeia produtiva.
Barbacena no radar da biotecnologia
O início das obras de terraplanagem está previsto para os próximos três meses. A instalação dos equipamentos terá início em novembro, e a seleção dos primeiros colaboradores será realizada dentro de oito meses.
A meta é que a fábrica esteja em operação plena até julho de 2026, com previsão de arrecadação de até R$ 10 milhões anuais em ICMS para os cofres públicos do município.
Com clima ameno e ar seco — condições ideais para os processos de secagem —, Barbacena se consolida como local estratégico para projetos de alta complexidade tecnológica.
A cidade entra, assim, no radar dos investimentos globais em nutrição funcional e biotecnologia aplicada à indústria de alimentos.
Para a cadeia láctea mineira, trata-se de uma virada de página: da subvalorização do soro para a sua transformação em produto de exportação e alto valor agregado.
E para o Brasil, a chegada da Bees-Bee Alimentos pode significar um novo fôlego competitivo em um mercado global dominado por players como EUA, Nova Zelândia e países da Europa Ocidental.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Folha de Barbacena