A crença na falácia de que “o natural é sempre melhor” leva muitas pessoas a acreditarem que o leite cru é melhor do que o leite pasteurizado ou ultrapasteurizado.

Quem defende esta ideia argumenta que o processo de pasteurização leva à perda de nutrientes do leite. Mas será seguro beber leite cru “diretamente da vaca”?

É seguro beber leite cru “diretamente da vaca”?

leite cru

Em declarações ao Viral, o nutricionista e investigador no Centro de Investigação em Biociências e Tecnologias da Saúde (CBIOS) da Universidade Lusófona Leandro Oliveira adianta que os potenciais benefícios nutricionais de consumir leite cru “diretamente da vaca” não compensam os riscos.

O investigador explica que o leite cru “pode conter microorganismos patogénicos – como Salmonella, E. coli, Listeria, Campylobacter, entre outras – que causam doenças transmitidas por alimentos, isto é, toxinfecções alimentares”.

O leite cru, tal como está definido no regulamento Regulamento (CE) n.º 853/2004, diz respeito ao “leite produzido pela secreção da glândula mamária de animais de criação, não aquecido a uma temperatura superior a 40 °C nem submetido a um tratamento de efeito equivalente”.

Assim sendo, o leite cru não passa pelos processos de pasteurização ou de ultrapasteurização, que consistem em aquecer o leite a uma determinada temperatura, durante um determinado período de tempo e, logo de seguida, arrefecê-lo a uma temperatura muito inferior à anterior.

Leandro Oliveira adianta que o processo de pasteurização “pode ser lento (o leite é levado a uma temperatura de 62ºC a 65ºC, durante 30 minutos) ou rápido (levado temperatura de 72ºC a 75ºC durante 15 a 20 segundos)”, sendo depois “arrefecido imediatamente” a uma temperatura “de 2ºC a 4ºC em menos de 10 segundos”.

Este arrefecimento rápido, explica o nutricionista, “é importante para evitar a proliferação dos microrganismos que restaram”.

No caso do leite ultrapasteurizado (UHT), continua o nutricionista, a temperatura do leite é elevada a “entre 130ºC a 150ºC durante 3 a 5 segundos”.

O investigador aponta que a necessidade de filtrar, pré-aquecer, clarificar, padronizar e pasteurizar o leite antes da ultrapasteurização pode levar “à perda de nutrientes, por exemplo, pela redução do teor de gordura do leite ou pelo aquecimento do mesmo”.

Ainda assim, sustenta, embora possa haver “algumas perdas de nutrientes devido ao processo de pasteurização e ultrapasteurização”, o “aumento da segurança alimentar” que estes processos conferem sobrepõe-se. Ou seja, os potenciais benefícios do leite cru “diretamente da vaca” não compensam os riscos do seu consumo.

No mesmo plano, num texto de esclarecimento publicado no site do Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) adianta-se que “a maioria dos benefícios nutricionais do leite de consumo está disponível no leite pasteurizado sem o risco de doença que vem com o consumo de leite cru”.

A partir de segunda-feira, 18 de novembro, agricultores se mobilizam contra o acordo de livre-comércio entre a Europa e cinco países da América Latina, rejeitado pela França. François-Xavier Huard, CEO da Federação Nacional da Indústria de Laticínios (FNIL), explica a Capital as razões pelas quais o projeto enfrenta obstáculos.

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