Apesar da valorização do preço pago ao produtor, o custo de produção se mantém elevado e os pequenos estão desistindo da atividade
O preço do leite captado em maio e pago aos produtores em junho registou forte alta de 8% na “Média Brasil” líquida, indo para R$ 2,201/litro. Esse valor de junho ficou 34,9% acima do registrado no mesmo período do ano passado, em termos reais, e é um recorde para o mês, destacou nesta semana um levantamento feito pelo Cepea. No primeiro semestre deste ano, o preço médio do leite recebido por produtores, de R$ 2,05/litro, supera em 33,6% o do mesmo período de 2020.
Para o comentarista Benedito Rosa, no entanto, essa valorização é insuficiente, já que os custos da produção estão subindo continuamente, enquanto o do leite oscila. “Em uma hora como essa, é necessário que exista política pública direcionada para essa realidade. Isso está faltando no Brasil. Há uma valorização de quem produz leite em larga escala, e inviabiliza os pequenos produtores. No Brasil, há anos, está correndo um processo de concentração da produção de leite de forma assustadora e com consequências sociais lamentáveis”, disse.
Para Benedito, “é preciso uma intervenção do governo para apoiar os pequenos produtores”.
“A ministra Tereza Cristina vem tentando, mas o ministério não tem a pecuária leiteira como prioridade e os governos estaduais e municipais, tampouco. Não há política de financiamento que preveja essa oscilação, para não deixar o produtor inadimplente. É preciso estender o seguro receita, para quando o preço cair o produtor possa continuar de pé”, falou.