A CBT reflete a qualidade microbiológica do leite, ou seja, seu resultado indica os cuidados com higiene ao obter ou manusear o produto. A CCS diagnostica a saúde da glândula mamária do animal. Altos patamares de CCS indicam que a vaca está com infecção (mastite).
Os sistemas de bonificação, além de melhorar a qualidade do produto que será fornecido aos consumidores, vão ao encontro das modificações ocorridas na Instrução Normativa número 76 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), na qual para leite cru refrigerado a CBT máxima permitida é de 300 mil unidades por mililitro (ml) e para CCS, 500 mil por ml.
As empresas normalmente adotam tabelas com as escalas de bonificações por parâmetro.
Considerando os níveis mais altos de qualidade nos quesitos CCS, CBT, gordura e proteína, além de escala de produção e logística, a bonificação pode atingir de R$ 0,30 a R$ 0,50 por litro acima dos preços médios (leite padrão).
Para alcançar melhores padrões de qualidade são necessários investimentos e maiores gastos, por exemplo, na nutrição animal, com dietas balanceadas, melhora na sanidade animal, aplicação de boas práticas de manejo animal e higiene, entre outros.
Ou seja, haverá um desembolso maior (custo total); entretanto, esse incremento será diluído pelo aumento da produtividade e resultará em um custo por unidade de produção menor (R$/litro).
Em resumo, no caso da pecuária leiteira, a rentabilidade média da atividade de média/alta tecnologia (25 mil litros/ha/ano) foi de 0,15% em 2018, considerando a média do preço recebido naquele ano de R$ 1,182 por litro e com um custo médio muito próximo disso.
Aplicando a diferença entre o preço médio do leite com bonificação versus o preço médio padrão sobre o preço recebido e considerando um aumento de 10% nos custos de produção para atingir os parâmetros de qualidade, a rentabilidade sobe para 14,8%.
Considerações finais
A qualidade do leite é garantia de um alimento seguro e de qualidade nutricional para o consumidor, que também traz aumento da vida de prateleira e maior rendimento industrial dos derivados lácteos.
De acordo com a Embrapa, o leite, para ser caracterizado como de boa qualidade, deve apresentar uma composição físico-química adequada, reduzida contagem de células somáticas (CCS), baixa contagem de bactérias (CBT) e ausência de agentes contaminantes (antibióticos, pesticidas, adição de água e sujidades).
Portanto, esses dois indicadores estão ligados às condições de limpeza e higiene e à sanidade da vaca; com práticas de menor investimento o pecuarista pode atingir os parâmetros ótimos e ganhar em competitividade na produção leiteira.
Neste momento, em que o mercado de leite já deu início à queda dos preços pagos ao produtor – menos 1.6% em agosto – e essa tendência deve continuar até meados de dezembro, receber mais pelo seu produto pode fazer a diferença entre o prejuízo e o lucro na atividade. Por isso, o programa de qualidade deve fazer parte do planejamento e estratégias da propriedade.