"Fomos crescendo a produção, que saltou de 50 para 100, até 1.000 litros dia. Quando aposentei, já estávamos produzindo uns quatro mil litros de leite".
Produtores de Goiás são exemplos de como investimentos em gestão e tecnologia podem ampliar produtividade e a qualidade do produto final
Produtores de Goiás são exemplos de como investimentos em gestão e tecnologia podem ampliar produtividade e a qualidade do produto final.

Durante muitos anos, o produtor Márcio Ribeiro Pinto dividiu a atividade na propriedade rural de 264 hectares, localizada a 21 quilômetros de Itapuranga (GO), com o trabalho em uma instituição financeira.

Ao se aposentar, resolveu investir na conciliação do gado de corte com a produção de leite para ajudar nas despesas da fazenda. “Começamos, aqui, com uma produção bem pequena, em torno de 30 litros de leite, para poder pagar pelo menos os funcionários.

Fomos crescendo a produção, que saltou de 50 para 100, até 1.000 litros dia. Quando aposentei, já estávamos produzindo uns quatro mil litros de leite. Com maior tempo para trabalhar a gestão de todo o processo e me dedicar junto com minha esposa e meu filho, conseguimos chegar aos 14 mil litros de leite dia, nesses 21 anos dedicados à pecuária leiteira”, conta o produtor.

Segundo Márcio, um processo de seleção genética proporcionou a melhoria da produtividade. Há 15 anos, não entra nenhum animal de fora da fazenda para o plantel.

A produção é própria, um desafio no início, mas que deu certo. Dos 780 animais divididos em cria, recria e produção, 336 estão em lactação. Outro trabalho que tem sido feito, com a chegada do período de estiagem e a antecipação da silagem, é conseguir manter os resultados, demonstrando a importância da gestão.

“Observamos que, na realidade, toda fazenda de leite que é melhor gerida e tecnificada, trabalha muito mais redondinha no período seco. Até porque nossos animais estão 100% estabulados. Assim, eu tenho uma necessidade de 10.500 toneladas de silagem por ano e trabalhamos em cima disso, a programação. Estamos com cerca de 33% de produção e silagem a mais.

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Nosso objetivo é que, no terceiro ano, nós tenhamos uma safra a mais armazenada, isso é uma segurança alimentar. O ano passado, obtivemos a média de 40 quilos de leite e isso nos favoreceu bastante a atravessar esse período de instabilidade do mercado”, conta o produtor.

O trabalho de tecnificação teve início com os cursos que o produtor e o filho, que hoje é engenheiro agrônomo, buscaram para qualificação a atuar no campo. Toda capacitação fez com que o produtor entendesse que esse é o único controle que ele pode ter sobre a atividade.

A sucessão familiar acontece de forma que Márcio Filho participa da tomada de decisão na propriedade. “Isso ocorre de forma natural, trabalhamos juntos e sempre conversamos sobre quais atitudes a serem tomadas. É um processo complexo, que influencia diretamente nos investimentos dentro da propriedade.

É necessária muita compreensão de ambas as partes sobre pontos de vistas diferentes, tendo em mente sempre entrar em concordância para que a propriedade saia ganhando. Aqui, quem define na fazenda o que tem que fazer é o fluxo de caixa, por isso a gente tem na ponta da caneta exatamente quanto é o custo de produção.

É em cima dele, por exemplo, que nós investimos nas mudanças na fazenda. O preço que vamos vender o leite, não temos condição de interferir, é o mercado que dita o preço. Estamos crescendo, apesar de toda dificuldade do mercado, por causa da gestão que nós fazemos”, comemora Márcio Filho.

gustavo leite

Eles fazem parte dos números que dão a Goiás o 5º lugar de maior produção leiteira do País, com 3 bilhões de litros e crescimento estimado em 2023 de 1,5%, segundo dados da Pesquisa de Pecuária Municipal (PPM 2022).

O supervisor de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Senar Mais Leite/Mais Carne, Gustavo Lourenzo, analisa que a gestão da propriedade, custo de produção, controle leiteiro com o correto fornecimento da dieta dos animais e arraçoamento racional, que proporciona maior controle no processo de alimentação, armazenagem, preparação e dosagem são as maiores ferramentas necessárias para o crescimento da atividade e ampliação dos números na representação no País.

“O gasto com alimentação pode superar 50% das receitas, utilizando 35% de concentrado e o volumoso superar 20% desse valor.

Vale ressaltar que o Senar Goiás é um exemplo de acesso gratuito a todos esses serviços, pois pecuária leiteira está entre as doze cadeias produtivas atendidas, no qual nos dois anos um técnico de campo estará visitando a propriedade, orientando o produtor sobre a divisão dos lotes para que os animais recebem alimentação conforme a sua produção e os dias em lactação – DEL; o produtor assistido terá acesso ao sistema (SISATEG) que realiza o controle gerencial e zootécnico da atividade; a gestão econômica permite o produtor ver sobre os seus custos de produção auxiliando na tomada de decisões futuras da propriedade”, afirma o supervisor.

 

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Diversos aplicativos podem ajudar com orientação técnica através de medidores eletrônicos do leite, permitindo aumentar a frequência do controle leiteiro e até mesmo facilitar o manejo do procedimento.

Ouvindo as demandas dos produtores rurais, o Sistema Faeg/Senar/Ifag desenvolveu o aplicativo Leite Bem, por meio do Hub de inovação Campo Lab. “O produtor consegue um foco especial na divisão dos animais por lotes para facilitar o cálculo ideal de ração, traz ainda um painel completo com informações da propriedade, pesagens da produção de leite diária de cada vaca em lactação, entrega de leite com faturamento por laticínio e gestão de rebanho com evolução por estágio.

Os pilares trabalhados são identificação individualizada dos animais, evolução do rebanho, registro de peso por animal e tomada de decisão na nutrição”, explica o diretor de TI do Sistema Faeg/Senar, Pedro Camilo.

Robôs em campo

Uma das tecnologias que contribui para um sistema de produção de leite mais eficiente, e que avança no Brasil, é a ordenha robotizada.

Apesar do alto investimento, os benefícios são evidentes como melhora na qualidade de vida dos animais, suprir a escassez de mão de obra e aumento da produtividade, além da emissão de relatórios detalhados da ordenha, com informações sobre sistemas de alimentação automatizados, a quantidade e qualidade do leite, saúde da vaca, e até mesmo detecção precoce de possíveis doenças e prenhez que auxiliam na gestão do negócio.

O produtor Cláudio Pereira, da Fazenda Coqueiral, em Orizona, cidade localizada na região da Estrada de Ferro, Sul do Estado de Goiás – destaque nacional na produção de leite -, é um exemplo de que o pequeno pode se tornar grande, mesmo em uma pequena propriedade.

O início na atividade foi há 32 anos em cinco alqueires doados pelo pai, com apenas quatro vacas e uma bicicleta para ir todos os dias cuidar dos animais. Ele conta que era chamado de ‘papa curso’, porque todos do Senar Goiás ele fazia. Aprendeu que a grande virada viria com a utilização do Compost Barn.

Começou há um ano, com 60 animais, e hoje está com 80 vacas com a robotização da ordenha e tem a meta de chegar a 100 animais. Depois de uma visita ao Sul do país, retornou encantado e disposto a investir na robotização da ordenha.

produtor claudio

“Um rapaz que me dava assistência de ordenha parou de trabalhar e foi mexer com a parte de robô. Na época, eu até brinquei com ele, que eu não tinha medo de tecnologia, que o problema era arranjar o dinheiro para pagar.

A gente pegava um Pronaf [Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar] que era de R$ 200, R$ 300 mil, e um robô desse seria quase R$ 2 milhões.

Retornei do Paraná, fui nos bancos, consegui o financiamento, pelo FCO Leite, aí a gente resolveu apostar na ideia e graças a Deus está dando certo”, comemora o produtor.

Ele reforça que toda a aquisição foi baseada em análise da gestão da propriedade, que indicou que os dez anos para pagamento do financiamento poderiam ser pagos em seis anos. Mas ele trabalha com uma projeção de oito anos para quitação da dívida mesmo com as variações de mercado que podem acontecer.

Após a transição para a ordenha robotizada, oportunidades para focar em outras áreas importantes do negócio passaram a existir.

Sanou um grande problema enfrentado com a falta de mão de obra especializada e uma das principais vantagens foi o manejo de vacas em sistema de fluxo livre, no qual elas escolhem quando comer, beber, descansar ou ir à ordenha.

Essa liberdade de escolhas confere às vacas maior tempo de alimentação e descanso, benefícios que, somados ao aumento da dedicação em aspectos como a saúde e fertilidade do rebanho, trazem mais longevidade, otimizam a produção e reduzem as taxas de descarte.

“As vacas acessam o robô de maneira natural. Se adaptaram muito bem ao sistema, que ainda me oferece 60 análises detalhadas, desde o que cada animal comeu, quanto produziu, a necessidade de adequação da dieta, entre outros dados importantes para entender minha gestão e produção”, avalia.

“Enquanto o pessoal está aí batendo com 30, 35 litros por dia, de média, por animal, graças a Deus eu estou fechando média de 40 litros por dia, e vamos chegar a média de 45 litros por dia, e tirar 4.500 litros de leite com 100 vacas.

As pessoas admiram o tamanho da minha propriedade, eu sempre falo que não precisa de terra grande, você precisa fazer comida e a parte de gestão, para isso investimentos também têm que acontecer pra que venha o resultado”, certifica Cláudio.

Os recursos utilizados pelo produtor Cláudio Pereira vieram do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) que criou, em 2023, com apoio técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), a Linha de crédito FCO Leite com juros menores de 7,46% contra as taxas de 9,05% à 12,00% das demais linhas do FCO.

Os prazos também foram adequados à realidade dos produtores de leite e já há mais recursos disponibilizados desde junho.

A Faeg também desenvolveu várias ações para contribuir com o setor, entre elas, em março deste, juntamente com o governador Ronaldo Caiado, o presidente José Mário Schreiner anunciou uma importante iniciativa para o estado de Goiás, que através de um decreto do governo do estado vetou os incentivos e benefícios fiscais para produtos lácteos importados, direcionando-os exclusivamente para fomentar a produção local. “A busca por soluções para os desafios enfrentados pelo produtor de leite é um trabalho contínuo e coletivo.

Essa medida efetiva incentiva e beneficia o leite goiano e brasileiro, servindo como modelo para ser replicado em todo o país. Goiás está um passo à frente na valorização dessa importante cadeia produtiva,” destacou Schreiner.

Este ano, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados aprovou a redação final do Projeto de Lei nº 952/2019, de autoria de José Mário Schreiner, mais uma conquista do seu legado enquanto parlamentar.

“Esse projeto busca estabelecer regras claras sobre o prazo mínimo de validade do leite em pó importado, protegendo nossos produtores de práticas comerciais desleais,” explicou ele. “É fundamental que continuemos defendendo, valorizando e criando políticas públicas que garantam a sustentabilidade e o crescimento do setor lácteo.

O produtor de leite merece nosso apoio e reconhecimento por sua contribuição essencial à economia e à alimentação de nosso país,” concluiu Schreiner.

Quando se fala em tecnificação para atuar no campo, fica clara a importância dos cursos para que a mão de obra esteja preparada para apoiar os produtores e gerar mais renda para as famílias que vivem o agronegócio do estado. O Senar Goiás, sempre à frente na capacitação profissional do setor agropecuário, atende a demanda que vem do campo. Recentemente, foi lançado o curso Nutrição de Bovinos de Leite na Era da Pecuária 4.0.

“Este curso gratuito e totalmente on-line capacita produtores rurais, técnicos agropecuários, estudantes e profissionais do setor agro para as práticas na nutrição de bovinos de leite sobre as mais modernas práticas, promovendo práticas sustentáveis e economicamente viáveis, para melhorar a saúde e a produtividade dos rebanhos leiteiros.

Lembrando que existem outros cursos como, operação e manutenção de ordenhadeira mecânica, bovinocultura de leite, qualidade do leite, gestão e produção de pastagens, alimentação de bovinos de leite, entre outros que preparam os profissionais para atuarem nas fazendas em todo o manejo”, informa o superintende do Senar Goiás, Dirceu Borges.

O superintende pontua ainda que as matrículas são gratuitas e podem ser realizadas no caso do EAD, diretamente no site do portal de Educação a Distância do Senar Goiás (EaD Senar Goiás). Os cursos presenciais são realizados através dos Sindicatos Rurais dos municípios.

Comunicação Sistema Faeg/Senar

A inteligência artificial (IA) e sistemas avançados de câmeras estão revolucionando a maneira como os produtores de leite nos EUA gerenciam seus rebanhos.

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