Durante a Cúpula dos Chefes de Estado do BRICS, realizada em Brasília, o Brasil avançou em tratativas com a China para reverter entraves sanitários que têm afetado as exportações de produtos agropecuários.
Em encontro bilateral, o premiê chinês Li Qiang demonstrou abertura para revisar protocolos técnicos que atualmente limitam as compras de carnes brasileiras.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou que a China está “estudando os protocolos rapidamente” e sinalizou uma possível retomada das importações, especialmente de carne de frango, suspensas após casos de gripe aviária detectados em aves silvestres no início do ano.
“Se fosse um problema específico, seria uma ou outra planta frigorífica. Como foram todas, é impossível dizer que todas erraram”, destacou Fávaro, sugerindo que a China tem adotado uma abordagem técnica e abrangente, em vez de sanções diretas.
Visita técnica chinesa pode destravar exportações
Um novo passo importante está agendado para o próximo dia 22 de julho, quando representantes da Administração Geral de Alfândegas da China (GACC) visitarão o Brasil para inspecionar plantas frigoríficas. O objetivo da missão é habilitar novos estabelecimentos para exportação de carne bovina — uma demanda histórica da cadeia produtiva brasileira.
A visita da GACC poderá destravar embarques represados e aumentar o número de frigoríficos autorizados, favorecendo o desempenho do agronegócio brasileiro no principal mercado consumidor global.
Novos produtos já ganham espaço
Além do foco nas carnes, Brasil e China já assinaram protocolos sanitários que abriram caminho para a exportação de novos produtos como noz-pecã, uva, gergelim, sorgo e pescados. Estima-se que o potencial adicional de exportações desses itens alcance US$ 500 milhões por ano.
Essa diversificação reforça o interesse mútuo em ampliar o intercâmbio comercial, com ganhos para ambas as economias.
A China é o maior parceiro comercial do agronegócio brasileiro, representando mais de 30% do total exportado pelo setor.
Confiança e estratégia no BRICS
Para o Brasil, a reaproximação sanitária com a China representa mais do que uma vitória comercial: trata-se de uma ação estratégica dentro do BRICS, bloco que o governo brasileiro enxerga como fundamental para garantir previsibilidade e estabilidade nas relações comerciais internacionais.
“A confiança da China nos nossos processos de controle sanitário é essencial para mantermos e ampliarmos nossa presença no mercado global”, reforçou Fávaro. Ele também destacou que as tratativas em curso devem contribuir para a geração de empregos, atração de investimentos e valorização da imagem do Brasil como fornecedor confiável de alimentos.
Com a agenda bilateral avançando em clima positivo, o setor agropecuário brasileiro aguarda com expectativa os desdobramentos da visita técnica da GACC, que pode marcar o início de uma nova fase nas exportações para o gigante asiático.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Feed&Food