O Lacprodan acaba de alcançar um marco regulatório relevante no mercado brasileiro, após receber aprovação oficial do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) para uso em alimentos e bebidas.
A decisão, confirmada por fontes do setor e pela própria Arla Foods Ingredients, representa um avanço estratégico para a ampliação das aplicações da membrana do glóbulo de gordura do leite (MFGM) no país, um segmento que evolui rapidamente na indústria global de ingredientes lácteos.
Segundo especialistas consultados por eDairyNews Brasil, o aval do MAPA permite que o Lacprodan MFGM-10 seja incorporado a categorias que já utilizam concentrados proteicos de soro de leite, criando um ambiente regulatório mais claro e previsível para fabricantes que desejam inovar em formulações voltadas a diferentes públicos. Na prática, o ingrediente poderá ser declarado como “concentrado proteico de soro de leite enriquecido em membrana de glóbulos de gordura do leite”, classificação que tende a facilitar também o registro de outros produtos da linha MFGM, como o Nutrilac MFGM.
A MFGM, tradicionalmente vinculada ao universo das fórmulas infantis, vem ganhando relevância em pesquisas científicas e no desenvolvimento de produtos voltados a crianças mais velhas e adultos. Essa expansão ocorre devido ao conjunto de componentes bioativos presentes na membrana, incluindo lipídios complexos e proteínas específicas encontradas naturalmente no leite materno. Fontes técnicas explicam que esses atributos têm despertado o interesse de empresas que buscam diferenciação em categorias como bebidas esportivas, produtos proteicos premium, snacks fortificados e fórmulas nutricionais destinadas a adultos maduros.
Para Camila Oshima, especialista regulatória da Arla Foods Ingredients, a aprovação no Brasil reforça a importância estratégica do país no desenvolvimento de novos mercados para ingredientes derivados de MFGM. Ela afirma que o reconhecimento regulatório “representa um passo importante para ampliar o acesso aos benefícios da MFGM”, observando que o ambiente brasileiro combina tamanho de mercado, potencial de inovação e crescente profissionalização da indústria alimentícia.
Embora o avanço seja significativo, ainda há limitações. A autorização atual não contempla suplementos alimentares, fórmulas infantis ou fórmulas de seguimento — todas elas sob responsabilidade regulatória da Anvisa. A Arla Foods Ingredients, porém, demonstra confiança em avanços futuros, apoiada no interesse crescente de indústrias brasileiras por ingredientes de maior valor agregado e no movimento internacional de flexibilização regulatória em torno da MFGM.
Esse movimento global serve de referência. Em abril de 2025, autoridades da União Europeia confirmaram que a MFGM não se enquadra na categoria de “novo alimento”, o que liberou sua utilização em produtos destinados tanto a crianças como a adultos, sem necessidade de trâmites adicionais. Poucos meses depois, em julho, a Austrália aprovou o uso de MFGM em fórmulas infantis, reforçando o alinhamento de mercados importantes em torno da segurança e da funcionalidade do ingrediente.
Para companhias que operam ou desejam operar no Brasil, a aprovação do Lacprodan MFGM-10 consolida um ambiente mais competitivo e alinhado com tendências internacionais. Especialistas afirmam que o passo regulatório reduz incertezas, incentiva investimentos em P&D e deve estimular o lançamento de novos produtos baseados em ciência nutricional mais sofisticada.
No médio prazo, analistas preveem que a discussão regulatória migrará para a Anvisa, especialmente se o setor pressionar por uma revisão das normas que tratam de suplementos e fórmulas infantis. Caso esse avanço ocorra, o Brasil poderá integrar um grupo mais restrito de países que autorizam a aplicação ampla da MFGM em categorias nutricionalmente sensíveis. Até lá, a decisão do MAPA já coloca o país em posição de destaque dentro da agenda global de proteínas lácteas especializadas.
Para a indústria, o impacto imediato está na possibilidade de reposicionar produtos, desenvolver novas linhas e explorar o apelo científico que vem sendo construído em torno da MFGM. Para o Brasil, o avanço representa um passo relevante para aproximar o país dos principais centros regulatórios do mundo, abrindo caminho para inovação contínua nos alimentos e bebidas com maior valor funcional.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de BHB Food






