O começo de 2021 não está fácil para o produtor de leite, pois as despesas continuam altas e os valores pagos pelo leite ao produtor desvalorizaram nos primeiros meses deste ano.

O começo de 2021 não está fácil para o produtor de leite, pois as despesas continuam altas e os valores pagos pelo leite ao produtor desvalorizaram nos primeiros meses deste ano. O futuro para a atividade é preocupante e 2021 deve ser um ano de controle do custo de produção, o que pede cautela e planejamento do produtor.

Os dados do Centro de Inteligência do Leite (CILeite), Embrapa Gado de Leite, mostram que o preço do leite ao produtor registou nova queda em março deste ano. No Brasil, a cotação média chegou em R$1,94 por litro, recuo de 2,5% sobre fevereiro. Na comparação anual (março 2020/março 2021), o preço ao produtor ficou 34,8% acima do valor recebido anteriormente.

No entanto, o aumento do preço do leite anual não pode ser motivo para comemoração devido ao aumento expressivo no milho e no farelo de soja que continuam comprometendo a relação entre leite e insumos. Atualmente, o principal gargalo da atividade leiteira, como em muitas outras, é controlar os gastos e ainda buscar lucro com o negócio.

De acordo com o engenheiro agrônomo do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Luiz Roberto Faganello, a atividade bovinocultura de leite depende de muitas variáveis para garantir resultados técnicos e econômicos satisfatórios que garantam a sustentabilidade e viabilidade do negócio no médio e longo prazos.

“É preciso disponibilizar área de bom solo para garantir a produção da alimentação ao qual deverá ser criteriosamente planejada para não faltar alimento no decorrer o ano, pois ajustes nutricionais equilibrados dependem de forrageiras de qualidade e em quantidade suficiente. Nunca descuidar do meio ambiente ao qual essa geração além das futuras dependem dos recursos naturais para garantir o sustento de quem produz, além do fornecimento da produção de alimentos seguros aos consumidores”, afirma Faganello.

DESAFIO – Ele explica que a alimentação eficiente do rebanho é o principal desafio ao qual deve passar por rigoroso planejamento forrageiro, pois a interferência do clima dificulta manter o sistema em equilíbrio no decorrer do ano. “É muito prudente pensar em alimentos conservados, como a silagem de milho por exemplo e o feno, garantindo a alimentação do rebanho por um ano ou mais”.

O engenheiro agrônomo esclarece que a condição climática pode interferir na produção das pastagens e são os alimentos já estocados pelo produtor que irão suprir essa deficiência sem prejudicar a produção ao longo do tempo. Faganello ainda recorda que os valores dos grãos milho e soja e do sal mineral dispararam após o começo da pandemia no ano passado. Além disso, a alta do dólar tornou atrativo a exportação dos grãos. “O produtor de leite precisa baratear o custo de produção. Quanto mais o alimento for produzido na propriedade, mais competitivo o produto ficará e assim ele consegue sair da crise”.

As notícias mostram que o cenário em 2021 é preocupante. “Os valores dos grãos soja e milho não param de subir. Em contrapartida, o clima não está bom, pois as chuvas não são regulares e essa condição interfere na produção do milho. Alguns produtores não conseguiram colher o grão, considerado base na alimentação do animal”.

MEDIDAS – A partir de março, os produtores começam a fazer o plantio de aveio ou milho, porém devido ao período de estiagem quem plantou milho está reclamando da falta de chuva.

Alguns produtores pensam em comercializar os animais e outros já efetivaram as vendas. Segundo Faganello, o objetivo é equilibrar a situação econômica. “A conta não fecha. Alguns produtores realizam a venda do animal para pagar a despesa. Nem todos os produtores possuem reservas e a margem é negativa”, enfatiza o profissional ao citar que as dívidas são referentes aos investimentos em equipamentos modernos, entre outros.

O engenheiro agrônomo acredita que a cadeia do leite deveria trabalhar em um sistema integrado. “Com a participação do produtor, do representante do laticínio e do atacadista (como exemplos); que todos dialogassem sobre os assuntos relacionados a produção”, comenta Faganello ao ponderar que os reflexos se tornam positivos para a cadeia em curto e médio prazos. “Por enquanto, o futuro ainda está incerto”, finaliza.

A partir de segunda-feira, 18 de novembro, agricultores se mobilizam contra o acordo de livre-comércio entre a Europa e cinco países da América Latina, rejeitado pela França. François-Xavier Huard, CEO da Federação Nacional da Indústria de Laticínios (FNIL), explica a Capital as razões pelas quais o projeto enfrenta obstáculos.

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