O café com leite é mais que um hábito matinal no Brasil — é parte da cultura alimentar e atravessa gerações.
Essa combinação, que une a energia do café aos nutrientes do leite, pode trazer benefícios para a saúde e o bem-estar quando consumida na proporção adequada e dentro de um estilo de vida equilibrado.
Tradição que vai além das fronteiras
Embora seja ícone brasileiro, o café com leite é popular em vários países, com receitas e nomes diferentes. Na França, chama-se “café au lait”; na Itália, “caffè latte”; e na Alemanha, “Milchkaffee”. Na América Latina, predomina o café coado, enquanto na Europa versões com espresso e leite vaporizado são mais comuns.
No Brasil imperial, era um privilégio da elite, já que o leite era caro e difícil de conservar. Hoje, tornou-se presença democrática nas mesas, mas seu consumo consciente ainda merece atenção.
Benefícios do café
Segundo a nutricionista Michelle Ferreira, do Instituto Nutrindo Ideais, o café é rico em polifenóis, antioxidantes que ajudam a combater radicais livres e a prevenir doenças crônicas. Além disso, a cafeína contribui para melhorar o foco, a disposição e o desempenho físico e mental.
Benefícios do leite
O leite é fonte de cálcio — essencial para a saúde óssea — e de proteínas de alto valor biológico, que ajudam na manutenção da massa muscular. Em média, 200 ml contêm de 240 a 260 mg de cálcio e 6 a 7 g de proteína. Também pode aumentar a saciedade quando combinado ao café, auxiliando no controle da fome.
O leite é inflamatório?
Ferreira destaca que o leite não é automaticamente inflamatório. Ele pode ter esse efeito apenas em pessoas com:
- Intolerância à lactose, que pode gerar desconfortos digestivos, mas não inflamação sistêmica.
- Alergia à proteína do leite, com resposta imune inflamatória mais grave.
- Sensibilidade individual ou doenças inflamatórias pré-existentes, que podem melhorar com a redução do consumo.
- Dietas pró-inflamatórias com excesso de ultraprocessados, onde o problema não é o leite isolado.
Redução da acidez
O leite pode suavizar o sabor e reduzir a acidez do café, facilitando o consumo por quem sofre com azia, queimação ou desconforto ao beber café puro.
Cuidados e alertas
- Intolerância ou alergia: pessoas com essas condições devem preferir leite sem lactose.
- Interferência na absorção de ferro: evitar consumir café com leite junto às refeições principais.
- Excesso de cafeína: pode causar insônia, ansiedade e taquicardia.
- Açúcar: é comum adoçar a bebida, mas o ideal é reduzir ou eliminar o açúcar, usando, por exemplo, canela como alternativa.
Escolha do leite
Quando possível, optar por leite tipo A2, proveniente de vacas que produzem apenas a proteína beta-caseína A2, naturalmente mais fácil de digerir para algumas pessoas. Ele mantém o mesmo perfil nutricional do leite convencional e não é modificado geneticamente.
Importante: o leite A2 contém lactose e não é indicado para intolerantes, que devem recorrer a versões sem lactose.
Crianças e consumo moderado
O café com leite pode ser oferecido a crianças a partir dos 5 anos, sempre bem diluído e em pequenas quantidades, para evitar excesso de cafeína.
Proporção ideal e consumo recomendado
A proporção sugerida é de 2 partes de leite para 1 de café — por exemplo, 150 ml de leite e 75 ml de café —, equilibrando sabor, nutrientes e cafeína. Para adultos saudáveis, o ideal é de 2 a 3 xícaras de 200 ml por dia, respeitando o limite diário de cafeína.
Gestantes e lactantes devem reduzir ou evitar o consumo, seguindo orientação médica.
Conclusão
Mais do que um simples hábito, o café com leite é parte do patrimônio alimentar brasileiro. Consumido com moderação e na proporção certa, pode ser um aliado do foco, da energia e da saúde óssea — sem abrir mão do sabor que conquistou o país.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de G1