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8 jul 2025
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☀️ Mudanças climáticas já cortam até 10% da produção de leite; mesmo com alta tecnologia, prejuízo é inevitável.
A queda de produção de leite chega a 10% e, em clima mais ameno, as matrizes superam parcialmente as perdas, no máximo em 40%
A queda de produção de leite chega a 10% e, em clima mais ameno, as matrizes superam parcialmente as perdas, no máximo em 40%.

O aquecimento global está atingindo diretamente as fazendas leiteiras ao redor do mundo, e o Brasil está entre os países mais vulneráveis. Um estudo publicado na revista Science Advances revela que o calor extremo pode reduzir a produção de leite em até 10%, e nem mesmo as tecnologias mais avançadas de resfriamento conseguem eliminar totalmente os prejuízos.

A pesquisa, liderada pela Universidade Hebraica de Jerusalém e pela Harris School of Public Policy, monitorou por 12 anos mais de 130 mil vacas em Israel — considerado um dos sistemas de produção de leite mais avançados do mundo. O resultado preocupa: mesmo com sistemas modernos de resfriamento, as perdas de produtividade chegam a 4% ao dia em países como Brasil, Índia e Paquistão, três dos cinco maiores produtores globais de leite.

Perdas inevitáveis, mesmo com tecnologia

Os dados mostram que, sem o resfriamento, as perdas podem ser ainda mais graves. Nos Estados Unidos e na China, que também estão entre os gigantes da produção leiteira, as perdas diárias chegam a 2,7%, mesmo com o uso de equipamentos modernos.

“A tecnologia de resfriamento ajuda, mas não resolve o problema. Nossas estimativas indicam que os sistemas atuais conseguem compensar no máximo 40% das perdas”, explica Claire Palandri, pesquisadora da Harris School e autora principal do estudo.

O impacto do calor úmido — que combina temperatura do ar e umidade — é devastador. Quando as temperaturas de bulbo úmido ultrapassam 26ºC, as vacas sofrem estresse térmico severo, o que compromete o rendimento leiteiro por mais de 10 dias consecutivos. Esse fenômeno, conhecido como “banho de vapor”, é cada vez mais comum em países tropicais e subtropicais.

Brasil entre os mais afetados

Para o Brasil, o cenário é particularmente preocupante. O país ocupa a terceira posição no ranking global de produção de leite e, segundo o estudo, está entre os mais suscetíveis às perdas diárias de 3,5% a 4% por animal. As altas temperaturas e a umidade típica de muitas regiões leiteiras brasileiras tornam o desafio ainda maior.

“Mesmo os produtores mais bem preparados sentem os efeitos. As vacas ficam mais sensíveis ao calor quando também enfrentam outros fatores de estresse, como confinamento ou separação precoce dos bezerros”, alerta Palandri.

Adaptação tem limite e custo elevado

O professor Eyal Frank, coautor do estudo, destaca que o impacto das mudanças climáticas sobre a cadeia do leite é profundo e duradouro. “As fazendas mais avançadas estão investindo em adaptação, mas isso tem custo. E não há garantias de que será suficiente no longo prazo”, afirma.

De acordo com o estudo, embora o investimento em equipamentos de resfriamento se pague em aproximadamente um ano e meio, muitos produtores ainda hesitam em adotar sistemas mais robustos devido aos altos custos de implantação e manutenção.

Para Ayal Kimhi, professor da Universidade Hebraica de Jerusalém, o equilíbrio entre custo e benefício é um desafio diário: “O produtor precisa decidir até onde pode ir sem comprometer a viabilidade econômica da fazenda. Por isso, vemos investimentos parciais em resfriamento, mas um isolamento completo dos animais do ambiente seria inviável financeiramente.”

Soluções precisam ir além do resfriamento

Os pesquisadores recomendam que as políticas públicas e iniciativas do setor leiteiro sejam mais abrangentes, considerando também o bem-estar animal e a redução de fatores de estresse no manejo. “Precisamos pensar em soluções que vão além de simplesmente refrescar as vacas. Mudanças estruturais na forma de produzir leite podem ser necessárias”, finaliza Palandri.

Enquanto isso, o setor leiteiro brasileiro precisa se preparar para um cenário em que o calor não é apenas desconfortável, mas um risco real à produtividade e à sustentabilidade da cadeia.

*Adaptado para eDairyNews, com informações de Correiobraziliense.com 

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