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26 jul 2025
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🐄 CEO da Frimesa afirma que, sem leite a pasto, Brasil seguirá atrás de vizinhos e ironiza: “Quem não gosta do genro dá um laticínio pra ele tocar”.
Elias Zydek, CEO da Frimesa, defende produção a pasto para reduzir custos e tornar o leite brasileiro mais competitivo frente aos importados. (Foto: Divulgação)
Elias Zydek, CEO da Frimesa, defende produção a pasto para reduzir custos e tornar o leite brasileiro mais competitivo frente aos importados. (Foto: Divulgação)

O CEO da Frimesa, Elias José Zydek, afirma que o leite no Brasil enfrenta sérios entraves de competitividade e cobra uma mudança urgente no modelo produtivo.

Para ele, o alto custo de produção e a entrada crescente de lácteos importados são sintomas de um setor que ainda não encontrou um caminho sustentável.

Zydek comanda uma das maiores cooperativas do Brasil em suinocultura e quer agora consolidar a Frimesa também no setor lácteo — mesmo com todos os obstáculos. Atualmente, os laticínios representam 25% do faturamento da empresa, enquanto a cadeia suína responde pelos 75% restantes.

“O Brasil ainda não é competitivo na cadeia do leite. Nossos vizinhos, Argentina e Uruguai, produzem a US$ 0,38 o litro no campo. Aqui, custa em média US$ 0,50”, destacou em entrevista ao Money Times. E completou com um tom ácido: “O dono de laticínio que não gosta do genro dá uma fábrica pra ele tocar”.

Importações pressionam o setor

A crítica do executivo se sustenta nos números. Por fazer parte do Mercosul, o Brasil não impõe tarifas de importação sobre produtos lácteos vindos de países do bloco, o que torna os preços estrangeiros muito mais atraentes para o varejo nacional.

“E não são só os vizinhos. Leite em pó da Nova Zelândia e de países asiáticos também chega aqui com preços altamente competitivos”, disse Zydek.

O CEO alerta que essas importações minam a competitividade interna, especialmente porque o Brasil ainda mantém um modelo de produção mais custoso, baseado em confinamento e alto uso de insumos.

O pasto como solução estratégica

A alternativa defendida por Zydek é clara: adaptar a produção ao modelo de leite a pasto. “Na Argentina e no Uruguai, o animal busca seu próprio alimento no campo. Isso reduz drasticamente os custos. Aqui, precisamos plantar, colher, processar e distribuir o alimento ao animal. É um modelo muito mais caro”.

Segundo o executivo, investir em automação e confinamento pode até trazer ganhos de eficiência, mas compromete a competitividade diante dos vizinhos. Para ele, o desafio está na gestão dos recursos disponíveis nas propriedades e na adaptação a sistemas mais simples e integrados com a natureza.

Um mercado em constante transformação

Zydek reconhece que o setor leiteiro brasileiro vive uma constante instabilidade, com reestruturações, fusões e até colapsos empresariais. “Se você olhar a história do Brasil, quantas grandes empresas de laticínios quebraram? A Parmalat, que tinha um porte gigantesco, é um exemplo”, afirmou.

Apesar disso, ele vê oportunidades em nichos de alto valor agregado. A estratégia da Frimesa é justamente explorar produtos diferenciados, aproveitando sua ampla capilaridade nacional para conquistar mercados de nicho — algo que pode oferecer margens melhores em um cenário de importações em alta.

Barreiras comerciais e futuro incerto

Na visão do CEO, as barreiras comerciais impostas por países como os Estados Unidos complicam ainda mais o cenário. E, do lado de cá, o Brasil não pode simplesmente aplicar uma tarifa de 50% para proteger seu mercado — ainda que isso fosse desejável por muitos.

“Infelizmente, os países que competem conosco estão perto. Se estivessem mais longe, a logística nos ajudaria”, lamenta.

Para Zydek, o futuro do leite no Brasil depende de decisões estratégicas. Produzir com base em modelos mais sustentáveis e economicamente viáveis — como o leite a pasto — pode ser a chave para virar o jogo.

*Adaptado para eDairyNews, com informações de Money Times

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