A indústria láctea da China se prepara para um salto estratégico rumo à modernização total até 2030.
A meta foi anunciada pela Associação da Indústria Láctea da China durante a 16ª Conferência do Setor, realizada na cidade de Xiamen, província de Fujian.
Segundo o documento apresentado, o país asiático pretende manter a taxa de autossuficiência em lácteos acima de 70% até o fim da década, com um desempenho médio de mais de 10 toneladas de leite por vaca anualmente — um patamar que coloca a China em linha com os maiores produtores do mundo.
Além disso, a meta é manter uma taxa de aprovação de inspeção de qualidade dos produtos lácteos superior a 99%, reforçando o compromisso com a segurança alimentar e a confiança do consumidor. A produção, segundo o plano, também deverá ser mais sustentável do ponto de vista ambiental.
Produção moderna e sustentável
Para atingir tais objetivos ambiciosos, será fundamental a construção de um sistema avançado de produção e fornecimento de forragem, além de um modelo de criação de gado leiteiro com alta eficiência.
A associação destaca ainda a importância de impulsionar a digitalização no processamento dos produtos lácteos, com foco em rastreabilidade, automação e redução de perdas.
O plano está alinhado com o 14º Plano Quinquenal da China, que enfatiza a modernização da agricultura e da cadeia de suprimentos alimentares como pilares do desenvolvimento nacional.
Em um país com uma população superior a 1,4 bilhão de pessoas, o fortalecimento da produção interna de leite é visto como estratégico para reduzir a dependência de importações e garantir a segurança alimentar em longo prazo.
Números em perspectiva
Atualmente, a China é o terceiro maior produtor de leite do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia. Em 2024, a produção chinesa ultrapassou os 39 milhões de toneladas, com um crescimento médio anual superior a 5% na última década.
No entanto, o consumo doméstico também vem aumentando, puxado pela urbanização e pela crescente demanda da classe média por produtos lácteos, especialmente fórmulas infantis, iogurtes e queijos.
Segundo dados do Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China, o país ainda depende parcialmente de importações, especialmente da Nova Zelândia, Austrália e União Europeia.
Com o novo plano, o objetivo é reduzir essa dependência, ao mesmo tempo em que se investe em inovação, genética animal e sustentabilidade ambiental.
Um movimento com impacto global
A modernização da indústria láctea chinesa pode ter efeitos significativos sobre o mercado internacional de lácteos. Uma China mais autossuficiente tende a reduzir a pressão importadora, impactando diretamente os grandes exportadores globais, como a Nova Zelândia, os Estados Unidos e até mesmo países da América Latina.
Para os mercados que hoje veem a China como destino-chave de exportação — como Uruguai, Argentina e Brasil — o avanço da autossuficiência chinesa exige atenção e reposicionamento estratégico.
Por outro lado, a digitalização e o foco ambiental podem abrir oportunidades para fornecedores de tecnologia, genética, equipamentos e serviços especializados em produção láctea de alta eficiência.
O plano chinês é mais do que uma política agropecuária: é uma declaração de intenções sobre o futuro do leite em uma das maiores economias do planeta.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de seu Content Partner Fedeleche