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19 ago 2025
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O Ministério do Comércio da China prorrogou até fevereiro de 2026 a investigação sobre importação de laticínios da União Europeia, em meio a tensões comerciais.
China adia decisão sobre laticínios europeus até fevereiro de 2026
China adia decisão sobre laticínios europeus até fevereiro de 2026

A importação de laticínios da União Europeia pela China seguirá sob análise até fevereiro de 2026.

O Ministério do Comércio da China anunciou oficialmente a prorrogação da investigação antidumping por mais seis meses, alegando a “complexidade do caso” como principal justificativa para o adiamento.

O novo prazo limite está marcado para 21 de fevereiro de 2026, estendendo a apuração que havia sido aberta em agosto de 2024.

Segundo comunicado publicado no site oficial da pasta, a decisão reflete a necessidade de examinar com maior profundidade os dados e documentos coletados desde o início da investigação.

O objetivo é determinar se os laticínios europeus estão entrando no mercado chinês em condições de concorrência desleal, prática que pode prejudicar produtores locais.

Essa prorrogação acontece em um contexto mais amplo de tensões comerciais entre Pequim e Bruxelas. Desde o início de 2024, a União Europeia vem conduzindo suas próprias investigações sobre subsídios estatais concedidos por Pequim a diversos setores estratégicos, como energia renovável e veículos elétricos.

Em outubro do mesmo ano, o bloco europeu chegou a aprovar tarifas de até 45% sobre carros elétricos importados da China, decisão que ampliou o clima de desconfiança mútua.

No caso dos laticínios, o procedimento aberto pelas autoridades chinesas é visto por analistas como uma resposta às medidas restritivas impostas pela União Europeia em outros segmentos.

O comércio de produtos agroalimentares é particularmente sensível, já que envolve cadeias de valor estratégicas para a segurança alimentar e a estabilidade econômica de ambos os parceiros.

Impactos potenciais no setor lácteo

A Europa é uma das maiores exportadoras mundiais de laticínios, com destaque para países como Alemanha, França, Irlanda e Países Baixos.

A China, por sua vez, figura entre os maiores importadores globais de leite em pó, queijo, manteiga e outros derivados.

A eventual aplicação de tarifas ou barreiras adicionais poderia gerar impactos significativos para a indústria europeia, que tem no mercado chinês um dos destinos de maior crescimento na última década.

Do lado chinês, a ampliação da investigação também pode abrir espaço para reforçar o apoio à produção local. Nos últimos anos, Pequim tem investido pesadamente na modernização de sua cadeia leiteira, buscando reduzir a dependência externa após episódios de crise sanitária que afetaram a confiança do consumidor.

Ao mesmo tempo, a crescente classe média chinesa segue demandando maior variedade e qualidade em produtos lácteos, o que mantém elevado o interesse por marcas europeias.

Contexto geopolítico e comercial

Especialistas em comércio internacional apontam que a disputa em torno dos laticínios deve ser entendida dentro de um quadro mais amplo de rivalidade econômica.

A União Europeia tem pressionado por condições mais equilibradas no acesso ao mercado chinês, especialmente em setores de alta tecnologia. Pequim, por outro lado, utiliza instrumentos como as investigações antidumping para defender sua indústria doméstica e, ao mesmo tempo, sinalizar capacidade de reação.

Ainda não está claro qual será a conclusão da investigação. Caso sejam encontradas evidências de dumping ou subsídios indevidos, o governo chinês poderá impor tarifas adicionais sobre os laticínios da União Europeia. Por outro lado, uma decisão favorável aos exportadores europeus manteria a atual dinâmica de comércio, ainda que sob um clima de desconfiança recíproca.

Próximos passos

Até fevereiro de 2026, o Ministério do Comércio da China deverá compilar os resultados da análise e divulgar sua decisão final. Enquanto isso, produtores europeus e importadores chineses seguem acompanhando de perto o andamento do processo, avaliando possíveis cenários para seus negócios.

Para a União Europeia, a prorrogação acrescenta um novo capítulo às negociações comerciais com a China. O bloco já sinalizou interesse em manter canais de diálogo abertos, mas insiste na necessidade de regras claras e transparentes.

Pequim, por sua vez, mantém a postura de que as investigações seguem critérios técnicos e legais, embora reconheça a forte conotação política do momento.

Em meio à crescente disputa entre dois dos maiores blocos comerciais do planeta, o setor de laticínios tornou-se mais um campo de disputa estratégica.

A extensão da investigação reforça a incerteza no curto prazo, mas também confirma a relevância do mercado lácteo na balança comercial entre China e União Europeia.

*Adaptado para eDairyNews, com informações de Investing.com

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