ESPMEXENGBRAIND
19 nov 2025
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💎 Promessa de imunidade e recuperação rápida faz o colostro brilhar no mercado, mas especialistas lembram: moda precisa de evidência.
Colostro premium: entre promessas, tecnologia láctea e estilo de vida 💖
Colostro premium: entre promessas, tecnologia láctea e estilo de vida 💖

O colostro virou protagonista do universo wellness em 2025. De cafés descolados a academias premium, o suplemento aparece como um “luxo acessível” para quem busca imunidade reforçada, melhor digestão ou desempenho atlético — sempre envolto em uma estética clean, minimalista e chic.

A tendência, que começou com influenciadores misturando colheres do pó em lattes matinais e shakes de academia, agora movimenta um mercado bilionário. E, como costuma acontecer com tudo que viraliza rápido demais, especialistas pedem calma.

Nas redes, o discurso é sedutor: “ouro líquido”, “kit inicial para adultos”, “revitalização completa”. No podcast, anúncios prometem ganhos que vão da saúde intestinal à recuperação muscular. A reportagem ouviu pesquisadores, médicos e nutricionistas que acompanham de perto o movimento do colostro — e traz uma análise precisa, sem tirar o brilho do hype, mas sem perfume exagerado.

O que é, afinal, o colostro?

O colostro é a primeira forma de leite materno produzida logo após o parto. Nutricionalmente denso, ele carrega proteínas, gorduras, vitaminas, minerais, peptídeos e anticorpos essenciais para o recém-nascido. Especialistas como Peter Cohen, internista da Harvard Medical School, destacam que “o colostro contém imunoglobulinas e outras proteínas que estimulam o sistema imunológico”, ajudando o bebê no desenvolvimento inicial.

Nos últimos anos, porém, o colostro extrapolou o universo neonatal e virou ingrediente estrelado no mercado adulto — especialmente na versão bovina (colostro de vaca), que domina a oferta comercial. Há ainda opções produzidas a partir de colostro caprino.

Por que o colostro virou item de luxo na rotina saudável?

Segundo Daniel Fabricant, presidente da Natural Products Association, atletas foram os primeiros a enxergar o colostro como aliado contra inflamações e desgaste físico. A partir daí, marcas de suplementos abraçaram a tendência e deram a ela um verniz sofisticado: embalagens minimalistas, apelo “científico” e forte discurso de performance.

Em revisão publicada na revista Frontiers in Immunology, pesquisadores relataram benefícios potenciais, como melhor recuperação muscular e reforço imunológico após treinos intensos. Os autores, no entanto, sinalizaram que mais estudos de alta qualidade são necessários. A revisão contou com financiamento do setor lácteo — dado importante para contextualizar o entusiasmo.

Outro estudo citado por especialistas analisou efeitos gastrointestinais, como melhora em quadros de diarreia, mas classificou as evidências como “limitadas” e de “resultados mistos”.

A estética do colostro, porém, ultrapassa a ciência. Ele entrou na categoria dos “novos chiques” da nutrição, ao lado de colágeno hidrolisado, kefir artesanal e bebidas proteicas premium. Para o grande público, funciona como símbolo de modernidade: um lácteo tecnológico que promete benefícios e conversa com hábitos contemporâneos — mesmo sem comprovação definitiva.

O que dizem os especialistas?

Para Wesley McWhorter, nutricionista e porta-voz da Academia de Nutrição e Dietética, “a maior parte da pesquisa ainda é preliminar”. Ele admite interesse na evolução dos estudos, mas reforça que não existem provas fortes para manter as promessas mais ousadas.

O pesquisador Richard Bloomer, da Universidade de Memphis, alerta que as metodologias dos estudos variam muito — origem do suplemento, dose, perfil dos participantes — e isso prejudica comparações.

Cohen, de Harvard, vai além: não recomenda o uso rotineiro de colostro e lembra que suplementos não possuem garantia de qualidade ou padronização. “Mesmo que um estudo tenha mostrado benefício para determinado produto, isso não significa que a versão vendida hoje seja igual à estudada”, apontou.

Um hype que encanta — mas não substitui o básico

Para os especialistas ouvidos, os efeitos do colostro parecem mais relevantes para atletas que já possuem rotina controlada de sono, alimentação e treino. Para o público geral, eles recomendam focar primeiro na tríade essencial: comida de verdade, exercício regular e descanso adequado.

McWhorter resume: “Não existe pílula mágica no momento”.
Bloomer completa com pragmatismo: muitos consumidores precisam avaliar se vale a pena investir R$ 10, R$ 20 ou até R$ 30 por dia em um suplemento que oferece benefícios ainda incertos — quando o mesmo dinheiro poderia ir para frutas, vegetais e proteínas de qualidade.

O chic e o real

O colostro pode ser, sim, um ingrediente fascinante da inovação láctea — um produto com história, tecnologia e potencial. Mas, como lembram os especialistas, sua entrada no mundo glam da nutrição não o transforma, por si só, em solução universal.

Na fronteira entre ciência, tendência e estilo de vida, ele segue sendo um protagonista irresistível — especialmente para quem adora acompanhar cada novidade do universo dos lácteos.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de DailyNerd

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