Nos supermercados, o litro do insumo presente no café da manhã ainda está abaixo de R$ 7, realidade diferente de padarias onde a venda é feita a quase R$ 8.
O litro do leite passou de R$5 e a procura do produto caiu, diz proprietário de supermercado — Foto: Fred Magno

O preço do leite segue em alta nas prateleiras dos supermercados e já é possível encontrar o litro da bebida por quase R$ 7 nas gôndolas. A inflação no valor pago pelos consumidores foi potencializada a partir de abril, como mostrado por O TEMPO, e intensificada com a chegada do inverno, período habitual de encarecimento do produto.

Nesta segunda-feira, o site de pesquisas Mercado Mineiro divulgou estudo em que o produto foi encontrado por valores entre R$ 4,59 até R$ 7,29 quando vendido nas padarias. Pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP, aponta que o valor médio do litro de leite comercializado por produtores em Minas, que é o maior produtor leiteiro do Brasil, chegou a R$ 2,29 ao final de maio.

Além da entressafra, já que o período de grande produção é no segundo semestre, os produtores citam a interferência de altos custos produtivos. De acordo com Cássio Vilela, presidente da Associação dos Produtores de Leite do Sudoeste de Minas (Aproleite), o orçamento nas fazendas para ordenha das vacas sofreu aumento de 45% neste ano.

“É o mercado. Hoje tudo que envolve a pecuária é commoditie internacional. Soja, diesel, milho, produtos que são impactados pelo dólar, que também acaba sendo impactado e os produtos vão subir”, lembra Vilela. No caso da soja e milho, os insumos são a base da alimentação animal, principalmente em períodos de estiagem.

Já no diesel, além do transporte para entrega do leite e compra de mercadorias, o combustível também é utilizado com máquinas nas fazendas. Outros custos que aumentaram, segundo Vilela, foram com energia elétrica e aquisição de fertilizantes. “Todos os principais custos que temos hoje subiram e isso influencia demais a vida do produtor. Está inviável produzir”, alega.

Cássio Vilela relatou que há uma defasagem entre o valor que a indústria de laticínios está comprando o leite dos produtores, em torno de R$2,75, com o preço que seria o desejado. Ele ainda criticou que o setor industrial só aceitou pagar um valor maior nos últimos meses, mesmo com os reajustes nos supermercados aos consumidores.

“O valor necessário seria no mínimo R$ 2,80. Os custos de produção subiram e o preço não acompanhou isso”, aponta o representante dos produtores que não vê, no horizonte, margem para queda nos preços. “Pela indicação de como está o comércio nacional e internacional, não tem nem onde o preço cair e estabilizar”, opina.

Fim da entressafra alivia preços? 

O analista de agronegócio da Faemg (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais), Alexandre Gonzaga, afirmou que a entressafra do leite, historicamente, se encerra em setembro e outubro, podendo levar a um alívio no preço. Ele também citou o fim da bandeira de escassez hídrica na conta de luz que entrou em vigor em abril como fator que pode reduzir os gastos das famílias no supermercado.

No entanto, fatores externos, como a guerra na Ucrânia, podem atrasar uma melhora para o consumidor. “O reflexo de uma deflação demora a chegar, e o que estamos vendo hoje é a indústria disputando mercado e pagando mais ao produtor. Está tendo mais competitividade, porque muitos produtores abandonaram a atividade ou diminuíram os investimentos para evitar prejuízos, venderam vacas e até mesmo saíram da atividade. Isso gerou uma redução no volume de leite e a indústria, disputando essa captação, tem pagado mais caro”, detalhou Gonzaga.

Pesquisa 

De acordo com a pesquisa do Mercado Mineiro, feita em padarias de BH, o preço do leite Cotochés de 1 litro deixou o custo de R$ 5,41 e passou a ser vendido por R$ 5,47 entre março e junho. Nas gôndolas, o litro do leite integral Itambé pode custar de R$ 4,59 até R $7,29, enquanto o Cotochés pode ser encontrado por R$4,59 até R$6,80. O leite de saquinho está mais barato, como de costume, e varia entre R$ 3,90 até R$ 6,30.

Consumidores brasileiros têm se surpreendido com a alteração do nome do queijo nas embalagens. Essa mudança foi definida em um acordo entre União Europeia e Mercosul.

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