O especialista em comércio Stephen Jacobi afirma que há um desânimo generalizado em relação ao futuro do comércio global, incluindo as relações comerciais entre a Nova Zelândia e a China.
O mundo vive um dos períodos mais disruptivos do comércio internacional em muito tempo.
Essa é a visão do especialista em comércio internacional Stephen Jacobi, que destaca que a nova administração Trump está promovendo mudanças políticas ainda mais drásticas do que há quatro anos. Ele aponta que os EUA impuseram uma tarifa adicional de 10% sobre produtos chineses, levando a China a apresentar um protesto à Organização Mundial do Comércio (OMC).
No entanto, Jacobi disse ao Dairy News que é improvável que a China encontre uma solução na OMC, já que os EUA se recusam a reconhecer o processo de apelação desse órgão global.
“A resposta da China tem sido bastante contida. Em vez de aplicar tarifas generalizadas sobre produtos americanos, eles destacaram algumas questões políticas que desejam resolver. Talvez estejam considerando um novo acordo com Trump, como fizeram da última vez”, afirma.
“Mas ainda não conhecemos a total extensão das outras medidas, então é um momento de grande incerteza”, observa.
A Nova Zelândia é o maior exportador de laticínios para a China, com uma participação de mercado estimada em 42% em 2023. Outros fornecedores importantes incluem os EUA, a Alemanha e a Austrália. De acordo com o Ministério de Indústrias Primárias da Nova Zelândia (MPI), a China representa 35% de todas as exportações de laticínios do país.
Fontes do governo sugerem que a Nova Zelândia deve agir com cautela e evitar chamar a atenção, adotando o que pode ser descrito como uma “diplomacia em ovos”, sendo extremamente cuidadosa em suas respostas. Jacobi afirma que, até que o país tenha uma noção mais clara das intenções dos EUA e de como elas podem afetá-lo, “não há sentido em adotar uma postura ofensiva e antagonizar os americanos”.
“Estamos em um momento de observação e espera, e de um desânimo silencioso pelo futuro do comércio global, mais do que pelo futuro do nosso próprio comércio”, conclui.