Mercado de lácteos é finalmente colocado no centro das discussões da pecuária leiteira no Brasil.
Pela primeira vez, o tema será tratado de forma aprofundada em um dos encontros mais relevantes do setor, o 14º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite (SBSBL), que acontece em Chapecó (SC).
O movimento representa um avanço: a cadeia produtiva deixa de olhar apenas para o campo e a tecnologia, e passa a discutir com clareza como fatores de mercado impactam a sobrevivência e a competitividade do leite brasileiro.
Segundo os organizadores, a iniciativa é inédita na programação. O pesquisador da Embrapa, Glauco Carvalho, será o responsável por conduzir a palestra “Mercado de Lácteos”, marcada para o dia 15 de outubro, às 15h. A proposta é analisar as tendências que determinam preços, consumo e inserção internacional do Brasil, destacando o peso estratégico da atividade.
O presidente do Nucleovet, Tiago Mores, afirmou que o objetivo é entregar ao público informações econômicas capazes de orientar decisões de médio e longo prazo.
“Os movimentos de mercado afetam milhares de famílias e definem a sustentabilidade da atividade. Precisamos discutir não só genética, nutrição e manejo, mas também para onde a economia global está nos levando”, destacou.
Do campo ao mercado: uma visão estratégica
A palestra de Carvalho vai conectar pontos muitas vezes tratados de forma isolada. O pesquisador trará dados sobre competitividade internacional, transformações nos hábitos de consumo e impactos de políticas públicas na produção.
Também serão debatidas projeções de cenários que podem redefinir o papel do Brasil no comércio mundial de lácteos.
De acordo com Claiton André Zotti, presidente da comissão científica do simpósio, a presença de Carvalho amplia a perspectiva dos participantes. “É um olhar para além do campo. O mercado é uma força determinante para a sustentabilidade do setor, e discutir esse tema é fundamental para produtores, técnicos e indústrias”, afirmou.
Um especialista com visão global
A trajetória do palestrante explica o peso da sua participação. Formado em Economia pela UFMG, mestre pela ESALQ/USP e doutor em Economia Agrícola pela Texas A&M University, nos Estados Unidos, Glauco Carvalho consolidou-se como referência em estudos de mercado de lácteos.
Atuou em fóruns internacionais como o Global Dairy Economist Group e a International Dairy Federation, levando a visão brasileira para debates globais.
Hoje, na Embrapa, ele desenvolve pesquisas sobre commodities agrícolas, competitividade e impactos de políticas públicas. Além disso, integra a Câmara Setorial de Leite e Derivados do Ministério da Agricultura, contribuindo para diretrizes que afetam diretamente a cadeia láctea nacional.
Chapecó como palco do debate
O evento ocorre no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó (SC), e é organizado pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet), em parceria com a EPAGRI.
Ao longo dos anos, o simpósio consolidou-se como ponto de encontro entre ciência e prática, reunindo pesquisadores, produtores e empresas ligadas à bovinocultura de leite.
A edição de 2025 reforça a proposta de atualização constante, agregando também a 9ª Brasil Sul Milk Fair, o 4º Fórum Brasil Sul de Bovinocultura de Corte e o 2º Simpósio Catarinense de Pecuária de Leite à Base de Pasto.
Ingressos e inscrições
O acesso ao simpósio é mediante inscrição. Até o dia 2 de outubro, os valores do segundo lote são de R$ 530,00 para profissionais e R$ 400,00 para estudantes. Também há modalidades específicas para participação em atividades isoladas, como a Brasil Sul Milk Fair, com valor de R$ 50,00.
Um debate que chega na hora certa
A inclusão do mercado de lácteos como tema central não é apenas um marco para o evento, mas também um sinal de maturidade da cadeia leiteira. Durante anos, o foco esteve quase exclusivamente na produção, mas agora ganha espaço a discussão sobre preços, políticas e comércio internacional — fatores decisivos para o futuro do setor.
O Brasil, que busca ampliar sua presença no mercado global de lácteos, precisa olhar para além das porteiras. Chapecó será, neste outubro, o palco dessa virada de chave.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Feed & Food