Resfriar as vacas pode estabilizar a produção de leite durante o ano todo até em regiões mais quentes.
Leite, A cama orgânica para as vacas, em galpão coberto, é a principal característica do sistema — Foto: Cowcooling / Divulgação
A cama orgânica para as vacas, em galpão coberto, é a principal característica do sistema — Foto: Cowcooling / Divulgação
Com a premissa de resfriamento das vacas para garantir a produtividade do leite e a saúde dos animais durante todo o ano, o compost barn é uma tecnologia criada para ajudar a combater o estresse térmico na pecuária leiteira.

O problema gera perdas estimadas de US$ 13 bilhões por ano no mundo todo. O dado é apontado pelo médico veterinário Adriano Seddon, co-fundador de uma empresa que desenvolve projetos de resfriamento de vacas e um dos introdutores do compost barn no Brasil.

O estresse térmico gera perdas econômicas maiores do que mastites, problemas com a qualidade do leite, reprodutivos ou de casco”, resume Seddon. Ele destaca que, durante o verão, as propriedades registram queda de produção, reprodução e sanidade animal.

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“Por meio do monitoramento da temperatura dos animais, treinamento da equipe e customização do sistema de resfriamento conseguimos reduzir o estresse térmico e estabilizar a produção durante todo o ano, garantindo a rentabilidade do negócio”, afirma.

Compost barn

Em tradução livre, compost barn significa “estábulo de compostagem”. A tecnologia visa eliminar a queda de desempenho produtivo e reprodutivo do rebanho leiteiro que acontece durante o verão.

A cama orgânica para as vacas, em galpão coberto, é a principal característica do sistema. Confeccionada em material orgânico rico em carbono, a ideia é cobrir o piso do galpão, deixando a área confortável para as vacas. O manejo inclui técnicas para deixar a cama sempre seca e em constante aeração.

Os animais podem circular de maneira livre pela sala de resfriamento – o que favorece a socialização do grupo -, que conta com tecnologia para climatização do ambiente. O processo, conforme orienta Seddon, inclui o manejo adequado da cama, o resfriamento das vacas e a limpeza de corredores e bebedouros.

Os animais podem circular de maneira livre pela sala de resfriamento — Foto: Cowcooling / Divulgação
Os animais podem circular de maneira livre pela sala de resfriamento — Foto: Cowcooling / Divulgação

A introdução do método no Brasil, por volta de 2011, teve como gatilho o desafio de manter os animais da fazenda leiteira saudáveis e produtivos durante todas as estações do ano. “Como médico veterinário, trabalhando com reprodução e parte sanitária das vacas, percebi vários desafios relacionados com o ambiente”, conta.

Com as chuvas de verão, por exemplo, a formação de lama gera problemas que afetam a saúde da glândula mamária, prejudicando a qualidade do leite, e problemas de casco, resultando em dificuldades para a realização das operações diárias com o rebanho.

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“A tecnologia começou a ser implantada por aqui com o intuito de fazer com que a fazenda pudesse manter de forma melhor esses animais, de maneira que eles não ficassem doentes, se tornassem mais longevos e que fosse fácil realizar as operações necessárias da atividade”, completa.

Desde que chegou ao Brasil, o compost barn – adotado há mais tempo em países do Hemisfério Norte, de clima temperado – vem ganhando espaço nas propriedades. Não há uma estimativa correta, mas Seddon acredita que a tecnologia está presente em um percentual significativo das propriedades que atuam com produção leiteira.

“Boa parte das fazendas mais especializadas tem esse sistema, virou o principal meio de produção de leite de gado confinado no Brasil”, acredita.

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