Há queijos para todos os gostos, nossos, bem portugueses, e de fora, que fazem as delícias de tanta gente mas que, diz-nos o senso comum e alguma prática clínica, é preciso evitar para prevenir o aumento de peso e o risco de doenças cardíacas e diabetes.
Apesar disso, há estudos que têm contrariado a ligação negativa entre o queijo e a saúde. Em 2011, por exemplo, o cardiologista Dariush Mozaffarian acompanhou 120 mil norte-americanos ao longo de décadas, concluindo que “não existe quase nenhuma evidência de que o queijo engorda”.
“Há evidências de que, na pior das hipóteses, é neutro; não há evidência de que o queijo esteja associado a doença cardiovascular e em alguns estudos é até ligeiramente associado a um menor risco; e quanto à diabetes, de novo, na pior das hipóteses, é neutro, e talvez preventivo”, afirmou, em 2021, numa entrevista à revista Wired.
Já em novembro de 2020, uma investigação realizada com 1787 britânicos, entre os 46 e os 77 anos, concluiu que este derivado do leite pode ter efeitos benéficos a nível do declínio cognitivo associado à idade.
Depois de analisarem os hábitos alimentares dos voluntários, os investigadores da Universidade de Iowa deram conta de que o queijo foi, “de longe”, o alimento que se mostrou “mais protetor contra os problemas cognitivos relacionados com o envelhecimento”, escreveram, num artigo publicado no Journal of Alzheimer’s Disease.
Bom para a saúde do coração e para tomar decisões
É sabido que o queijo se trata de um alimento rico em gordura saturada, o que lhe deveria conferir uma propensão para engordar mas também para aumentar o risco de desenvolvimento de doenças cardíacas. Contudo, investigações recentes sugerem que isso não acontece e que, pelo contrário, pode haver um positivo quando se ingere este alimento.
Uma equipa de investigadores na China realizou uma análise que envolveu milhares de adultos em 15 estudos, examinando como os diferentes níveis de consumo de queijo se relacionam com a saúde cardíaca. As descobertas revelaram que consumir mais queijo está relacionado a uma redução de 10% a 14% do risco de doenças cardíacas e a um risco 10% menor de acidente vascular cerebral (AVC), em comparação com aqueles que consomem menos queijo.
O mesmo estudo salientou que os benefícios mais significativos estavam associados ao consumo diário de aproximadamente 40 gramas de queijo.
Já um estudo desenvolvido pela Universidade de Luebeck, na Alemanha, concluiu que, depois do consumo de um pequeno-almoço rico em hidratos de carbono, os indivíduos frequentemente apresentam níveis reduzidos de tirosina, um importante aminoácido. O queijo, por ser rico em tirosina, desempenha um papel vital na produção de dopamina, um neurotransmissor essencial para o foco, a tomada de decisões e os tempos de reação.
Para quem conduz, por exemplo, manter níveis bons de dopamina pode aumentar a atenção, melhorar as funções cognitivas e levar a uma melhor tomada de decisões na estrada, contribuindo para experiências de condução mais seguras e eficientes, explica Andrew Jernigan, CEO da Insured Nomads, uma empresa de seguros de viagens.
“Enquanto a cafeína pode despertá-lo, o queijo poderá proporcionar um aumento de energia mais sustentado e focado para uma viagem mais segura”, diz, em comunicado.
Um estudo japonês de julho do ano passado, publicado na revista Frontiers in Aging Neuroscience, descobriu que o consumo de queijo pode melhorar o foco e a concentração, e esta melhoria na função cognitiva, incluindo uma melhor retenção de memória, pode beneficiar “enormemente os condutores”, refere o mesmo comunicado.
“Com uma memória melhorada, os condutores podem (…) lembrar-se dos sinais de trânsito com precisão e recordar as regras de trânsito com facilidade. Isto sugere que a incorporação de queijo na dieta pode levar a experiências de condução mais seguras e eficientes, apoiando a clareza mental e as capacidades de recordação na estrada”, é ainda referido.