Em um ano marcado por desafios macroeconômicos e inflação elevada — com os alimentos encerrando 2024 em alta de 8,23% — o setor de leite e derivados no Brasil nadou contra a corrente e conseguiu expandir.
De acordo com um estudo da Equus Capital, o segmento registrou um saldo positivo de 1.792 novas empresas, evidenciando uma resiliência surpreendente em meio à pressão inflacionária.
O movimento, puxado pela valorização de produtos frescos, regionais e artesanais, mostra como a indústria vem se adaptando às mudanças de comportamento do consumidor e às exigências de um mercado cada vez mais competitivo.
Crescimento mesmo com inflação elevada
Apesar da inflação de alimentos ter encerrado 2024 com alta de 8,23%, o setor de leite e laticínios brasileiro apresentou desempenho positivo.
Segundo estudo da Equus Capital, o segmento fechou o ano com um saldo de 1.792 aberturas líquidas de empresas (número de aberturas menos os fechamentos), evidenciando um crescimento moderado, mas consistente.
“O consumidor brasileiro tem buscado cada vez mais produtos frescos, regionais e de produção artesanal, o que impulsiona a abertura de empórios e minimercados”, explica.
Além disso, ele destaca o reconhecimento internacional desses produtos:
“Muitos desses itens vêm ganhando prêmios internacionais, resultado de um trabalho de anos por parte de diversas empresas brasileiras.”
Comércio varejista lidera as aberturas de empresas
O principal destaque do setor em 2024 foi o Comércio Varejista de Laticínios e Frios, que registrou:
- 957 aberturas líquidas ao longo do ano;
- Crescimento de 3,3% em relação a dezembro de 2023.
Indústria de laticínios mantém crescimento
Mesmo com oscilação nos preços do leite e pressão nos custos operacionais, a Fabricação de Laticínios também cresceu, com:
- 266 novas empresas registradas no ano.
Segundo Vasconcellos, as empresas que apostaram em diversificação de portfólio e produtos de maior valor agregado, como queijos finos e manteigas artesanais, conseguiram manter a rentabilidade e avançar mesmo em um mercado desafiador.
Atacado de sorvetes cresce em áreas turísticas e urbanas
Outro destaque foi o Comércio Atacadista de Sorvetes, com:
- 386 aberturas líquidas em 2024.
Esse crescimento está relacionado à expansão de centros urbanos e regiões turísticas, além da maior demanda por logística ágil e cadeias de frio eficientes.
Produção de sorvetes aposta em inovação
A Fabricação de Sorvetes e Gelados também apresentou desempenho positivo, com:
- 165 aberturas líquidas no ano.
Vasconcellos destaca que a inovação em sabores, formatos de embalagem e o fortalecimento dos canais digitais de venda contribuíram para a resiliência desse segmento, com destaque para marcas regionais que atuam em nichos específicos.
Mais de 50 mil estabelecimentos ativos no setor lácteo
Atualmente, o setor de leite e laticínios no Brasil conta com mais de 50 mil empresas ativas, refletindo a necessidade constante de inovação e adaptação às mudanças de mercado.
Alguns subsetores crescem menos ou encolhem
Apesar do avanço geral, alguns segmentos tiveram desempenho mais tímido ou até retração:
- O Comércio Atacadista de Leite e Laticínios registrou apenas 44 aberturas líquidas, reflexo da consolidação entre grandes empresas e da exigência de capital de giro elevado.
- O subsetor de Preparação do Leite foi o único a registrar saldo negativo, com 26 fechamentos líquidos, representando uma queda de 2,3% em relação a dezembro do ano anterior.
- Vasconcellos conclui que a preparação primária do leite tem enfrentado aumento de exigências regulatórias e custos, dificultando a permanência de pequenos produtores no mercado.