O governo federal tem trabalhado na prospecção de mercados para os lácteos brasileiros. A China é um exemplo disso. Além disso, há ainda a expectativa de como será o mercado de lácteos, quando da entrada em vigor do acordo da União Europeia com o Mercosul.

 

Convocação – A audiência pública foi convocada pelo deputado Celso Maldaner (SC), membro da diretoria da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), contou com a participação de representantes da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Também estiveram presentes especialistas do Ministério da Agricultura, da Embrapa, da Apex-Brasil, da Confederação Nacional da Agricultura, da Associação Brasileira dos Produtores de Leite, da Associação Brasileira de Laticínios e da Associação Brasileira das Pequenas e Médias Cooperativas e Empresas de Laticínios.

 

Papel da Câmara – O deputado Celso Maldaner disse que acredita que a Câmara tem papel importante na melhoria de competitividade. “Temos que sensibilizar o Governo para ter uma política de mais suporte, principalmente na área de assistência técnica e infraestrutura, e dar mais apoio ao nosso produtor de leite”, argumenta.

 

Dever de casa – De forma geral, todos os elos do setor lácteo se mostraram satisfeitos com o empenho do governo em ampliar os mercados, especialmente considerando a China e a União Europeia. Entretanto, foram unânimes em ressaltar a necessidade de, antes de atuar com foco no mercado externo, é preciso fazer um grande dever de casa antes.

 

Políticas – Fernando Pinheiro, analista técnico e econômico da OCB, explicou que é preciso trabalhar no desenvolvimento de políticas para lidar com o excesso de produção, ao contrário do que ocorria no passado quando o Brasil era dependente das importações de lácteos. “Atualmente, aumentos de 2% na produção são suficientes para influenciar no mercado de lácteos”, explica.

 

Políticas – Na visão da OCB, a implementação de políticas para o desenvolvimento da competitividade do setor, passa, necessariamente pela desoneração tributária da cadeia produtiva, por investimentos em infraestrutura e comunicação e pela adoção de práticas que assegurem a prática leal do comércio internacional.

 

Condições – “Sabemos produzir e temos todas as condições para isso. Um exemplo é que só no primeiro semestre deste ano, a produção cresceu 5%. Mas, e o consumo? Os números mostram que o consumo, atual, está nos níveis de 2012, ou seja, 166 litros/habitante/ano. Só dá pra pensar em mercado externo, quando toda a cadeia estiver, internamente, não só organizada, mas fortalecida”, conclui.

 

Oportunidade – Para o representante do Ministério das Relações Exteriores Alexandre Ghisleni, com o devido investimento e apoio governamental, quando o acordo estiver plenamente válido, o setor lácteo poderá estar muito diferente e talvez até ter subido na posição entre os maiores produtores e consumidores de laticínios. Hoje, estamos entre os cinco maiores.

 

Cota para queijos – Contudo, para o analista Técnico e Econômico da OCB, a cota para os queijos prevista no acordo, quando de sua plena entrada em vigência, gera preocupação, pois está muito próxima do que realizamos hoje apenas com o MERCOSUL. Embora a cota seja recíproca para o Mercosul, a exportação para a União Europeia não é a melhor oportunidade para os produtores brasileiros.

 

Números – Em todo o mundo, o mercado de leite e derivados tem 1,4 bilhão de consumidores. Só de leite em pó, a China importa 800 milhões de toneladas por ano – mais do que toda a produção brasileira, que é de 600 milhões de toneladas. O Brasil é o terceiro maior produtor de leite no mundo, com 33,8 bilhões de litros. A Organização Mundial de Saúde preconiza uma média de consumo estimada em 200 litros de leite, por habitante, por ano. Na China, esse consumo é alcança apenas ¼ dessa estimativa. No Brasil, segundo dados do IBGE, existem 1.170 mil produtores de leite. (Informe OCB)

 

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