O Espírito Santo concentra 4.934 búfalos, sendo o município de Linhares, no Norte, o maior criador do Estado, com 66,4% do rebanho. Os dados são do levantamento mais recente do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf).
São Mateus, Cachoeiro de Itapemirim e Viana também despontam como cidades criadoras de bubalino, porém com rebanhos bem menores. Ao todo são 92 criadores, e as raças que mais se destacam são Murrah e Mediterrâneo.
Quem apostou na criação de búfalos enumera só pontos positivos. Longevidade, resistência a doenças, manejo simples, carne e leite mais saudáveis e rentabilidade no laticínio estão entre eles.
E a fabricação de requeijão, muçarela, doce de leite, manteiga agrega valor ao preço do leite. É o caso dos primos Djalma Soeiro Sobrinho e José Luiz Casati, de Linhares. Cada um toca rebanho próprio e produz derivados de leite de búfala fazendo bons negócios em todo o Estado. Eles defendem uma série de benefícios para a saúde e alegam necessidade de maior divulgação para alavancar negócios.
Na localidade de Desengano, a 10 km da BR-101 na altura de Guaraná (Aracruz), Soeiro ingressou no mundo bubalino em 2010. “Comecei como brincadeira. O primo Zé Luiz (José Luiz Casati) deu um casal de búfalos para o meu filho, vimos que tinha rentabilidade e investimos”, conta.
Atualmente, o rebanho da Fazenda Soeiro, de 45 alqueires, é 300 cabeças. O espaço é o equivalente a 147 campos de futebol, incluindo brejos e riachos, por isto torna-se um verdadeiro “playground” para a manada. “Eles só respeitam as cercas elétricas, até mais que os bovinos”.
Desde o início dos negócios, o objetivo de Djalma Soeiro era a produção de leite. Na propriedade, com o suporte do filho, o médico veterinário Gustavo Banhos (24), ele mantém uma agroindústria para fabricação de queijos e derivados tanto de bovinos quanto de búfalas.
Segundo o produtor, o laticínio bovino já existia e, há cinco anos, começou a produzir queijo de búfala. “O processo é igual, porém bem mais rentável. Com 100 litros de leite de búfala se faz 16 kg de muçarela, quase o dobro com leite de vaca bovina”, destaca Soeiro.
Além da muçarela de búfala, a “Queijaria da Fazenda” produz queijo trança, cabacinha, paletinha, manta, doce de leite, dentre outros derivados. O mercado ainda está limitado ao município de Linhares, mas na ocasião da reportagem, Soeiro aguardava a liberação estadual do selo do Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (Susaf) para expandir o comércio dos produtos.
Rota Turística
O aumento da divulgação e do mercado para os produtos feitos com leite de búfala pode acontecer em breve em Linhares. Por iniciativa de empreendedores de Desengano, uma Rota Turística dos Queijos e das Cachaças está sendo organizada em parceria com a Secretaria Municipal de Turismo de Linhares e apoio da Setur/ES. Pelo menos três agroindústrias locais sinalizaram interesse no projeto, que contempla 25 km. Um portal para indicar os destinos na chegada de Desengano já foi requisitado.
Tecnologias para aumentar produção
Na região central de Linhares, José Luiz Casati soma 20 anos dedicados à criação de búfalos. Embora não seja o pioneiro na atividade, o engenheiro metalúrgico se destaca com as tecnologias implantadas nas fazendas e o sucesso com a fabricação de produtos de leite de búfala. A próxima investida será o abate da própria carne produzida, de olho no mercado de carne “gourmet”.
Há 40 anos, Casati deixou a vida profissional em Volta Redonda (RJ) para se tornar pecuarista. Ele conta que, naquela época, comprou a fazenda de Jataipeba onde, além de produzir cacau, passou a ser comerciante de gado para abate.
Os primeiros búfalos foram adquiridos por volta de 1998. E uma dor de cabeça comum entre os criadores virou negócio nas mãos dele. O pecuarista conheceu a cerca elétrica numa feira em Registro (SP). Além de controlar os “fujões” nas propriedades, passou a vender o produto na sua loja agropecuária para outros criadores.
As criações foram aumentando e hoje os rebanhos das raças Murrah e Mediterrâneo estão distribuídos em duas fazendas. Uma fica em Jataipeba, a 3 km da sede – com machos e fêmeas apartados (as últimas produzindo 100 l/dia), e a outra, a “Angelim ”, a cerca de 20 km, na estrada para Regência.
No total, o pecuarista conta com 400 búfalos adultos, 150 bezerros e 100 bezerros apartados, ocupando 100% da área geral de 500 hectares dedicados à criação de bubalinos. Nesta última, Casati cria 300 búfalas e 150 bezerros. A capacidade das instalações é para produzir 1.200 l/dia, mas a média deve aumentar a partir deste ano.
Investimento
Mas é em outra propriedade arrendada na localidade de Rio Quartel, às margens da BR-101 Norte, que o fazendeiro aposta suas fichas para alavancar a produção de queijos e derivados de leite de búfala da “Queijaria Camila ”. Um galpão onde funcionava um antigo laticínio foi todo equipado.
Segundo Casati, por dia são produzidos 120 kg de lácteos dentre queijos, iogurtes, manteiga, requeijão, ricota e doce de leite. Um dos projetos para os próximos meses é produzir leite em vidro, gerando uma nova demanda no mercado capixaba.
No mesmo terreno, uma ampla instalação garante a produção de silagem e ainda há espaço para abrigar até 80 vacas bubalinas por etapa no “Compost Barn” (sistema de confinamento alternativo mais confortável) com o objetivo de aumentar a produção de leite. A ideia é produzir 3.000 l/dia, contra os atuais 500 l/dia.
O nome da queijaria é uma homenagem à filha Camila (32), que participa das feiras agropecuárias juntamente com Casati. “Ajudei minha filha a se formar em arquitetura e a ter o primeiro carro vendendo queijo de búfala na Grande Vitória”, conta.
Com o selo do Serviço de Inspeção Estadual (SIE), os produtos podem ser adquiridos em pontos de venda próprios em Linhares e Vitória, além de supermercados. Os queijos também são fornecidos para pizzarias e restaurantes.
José Luiz Casati cita, de cor, os benefícios do leite de búfala para a saúde. “É um leite gordo, mas com percentual de gordura saturada baixo, cerca de 50% inferior ao do leite bovino. Tem 50% menos colesterol e elevado teor de cálcio, só para citar os principais”, afirma.
Outro mercado vislumbrado pelo fazendeiro é o abate de carne. Atualmente, ele comercializa a de búfalo com um frigorífico, mas até 2020, pretende contar com abatedouro próprio para produzir carnes de “grife”, cada vez mais valorizadas.
Para isso, informa Casati, os machos serão confinados a piquete com silagem proteinada para engorda e as fêmeas liberadas nas mangas.
Criação de búfalos no ES
Total: 4.934 animais registrados junto ao Idaf
Municípios com maior número de animais:
Linhares – 3.275 animais – (66,4% dos búfalos do Estado); São Mateus – 328 animais; Cachoeiro de Itapemirim – 158 animais; Viana – 106 animais
Deste total:
Fêmeas – 1749 (962 animais com mais de 3 anos)
Machos – 3.185 (936 animais com menos de 1 ano)
ACEDA AOS NOSSOS MELHORES ARTIGOS 👉 DESTAQUES eDayryNews 🇧🇷🐮🥛✨