ESPMEXENGBRAIND
7 jul 2025
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7 jul 2025
Padarias francesas pagam até 30% mais pela manteiga; alta global reflete baixa produção na França e Nova Zelândia e demanda crescente na Ásia.
Manteiga. Especialistas do setor alertam que o cenário de escassez e preços elevados não deve arrefecer no curto prazo.
Especialistas do setor alertam que o cenário de escassez e preços elevados não deve arrefecer no curto prazo.

A escassez de manteiga atinge padarias francesas e acende o alerta em todo o mercado global de lácteos. Em Paris, estabelecimentos como a Mamiche, referência nos distritos 9 e 10, enfrentam dificuldades para manter a produção de croissants e folhados de chocolate devido à alta nos preços e à falta do ingrediente.

Segundo Robin Orsoni, operador comercial da Mamiche, o principal fornecedor da padaria não consegue mais garantir o fornecimento regular do tradicional beurre de tourage, a manteiga laminada essencial para a confeitaria artesanal. Como consequência, a Mamiche é forçada a comprar de outros fornecedores, pagando entre 25% e 30% a mais.

Essa crise, no entanto, não se limita à França. Dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) apontam que cerca de 70% da manteiga exportada globalmente vêm da França e da Nova Zelândia — justamente os dois países mais afetados por problemas climáticos, desafios sanitários e queda na produção de leite.

Produção de leite em queda agrava o cenário

Na Europa, o vírus da língua azul, que impacta rebanhos bovinos, e a redução do plantel por pressões financeiras contribuem para o desequilíbrio da oferta. Já na Nova Zelândia, maior exportadora mundial, a produção de leite segue abaixo dos níveis pré-pandemia, limitando a capacidade de recompor estoques.

Além disso, os processadores europeus priorizam a produção de queijos, reduzindo ainda mais a oferta de manteiga. Mesmo assim, o consumo mundial do produto segue em alta, com crescimento estimado de 2,7% em 2025, impulsionado principalmente pela Ásia.

Demanda asiática alimenta a crise

Na China, o consumo de manteiga sobe 6%, na Índia 3% e em Taiwan 4%. Panificadoras e restaurantes da região expandem o uso do ingrediente, como exemplifica a Bakehouse, rede de padarias em Hong Kong, que ampliou em quase 100 toneladas seu consumo anual de manteiga, recorrendo a fornecedores alternativos para manter o abastecimento.

A tendência reflete uma mudança no comportamento do consumidor global. No Ocidente, após anos de resistência, a busca por alimentos mais naturais e menos ultraprocessados favorece o retorno da manteiga às prateleiras e cozinhas. No Reino Unido, o aumento na venda de manteiga em bloco ilustra esse movimento, ainda que o preço elevado limite o acesso.

Restaurantes buscam alternativas para conter custos

Em meio à escalada dos preços, estabelecimentos gastronômicos já adotam estratégias para reduzir o impacto. Ben Marks, chef do restaurante Perilla, em Londres, substituiu a manteiga por azeite de oliva em diversas receitas. “É uma necessidade diante dos custos”, afirma, prevendo que a prática se torne cada vez mais comum.

Perspectivas para o mercado lácteo

Especialistas do setor alertam que o cenário de escassez e preços elevados não deve arrefecer no curto prazo. Ondas de calor na Europa ameaçam a produção de leite e, com ela, a oferta de manteiga. Além disso, tensões geopolíticas e guerras tarifárias seguem pressionando o mercado global de commodities, incluindo os lácteos.

Enquanto isso, empresas como a Bakehouse optam por diversificar fornecedores e absorver parte dos custos, mas a tendência é que o repasse ao consumidor final continue. Para a indústria láctea, o desafio será equilibrar oferta, demanda e rentabilidade em um ambiente de incertezas crescentes.

*Adaptado para eDairyNews, com informações de Diário do Povo

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