Apesar dos percalços da pecuária leiteira, um estudo realizado entre junho e agosto de 2023 pelos extensionistas do IDR-PR em várias regiões do Estado apontou dados interessantes: o pessoal reclama dos custos de produção, mas quer seguir investindo na atividade leiteira.
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A apresentação do relatório aconteceu num seminário regional dia 16 de abril, na Amsop, em Francisco Beltrão, com a participação da Seab, IDR-PR, Faep, Fetaep, Fetraf-Sul, secretarias municipais de Saúde, cooperativas, prefeitos e produtores de leite.
O estudo conclui, com base nos dados levantados nas propriedades entrevistadas, que os principais desafios são o alto custo da atividade (75,28%), a baixa lucratividade (69,61%), a falta de valorização da atividade (48,06%), a elevada carga de trabalho (26,83%), problemas com a sucessão familiar (25,71%) e a pressão da sociedade pelo baixo preço do leite no varejo (22,21%).
Sobre o futuro, num horizonte de cinco anos, os produtores dizem que querem aumentar a produção (54,7%), melhorar a genética do rebanho (43,77%), aumentar o rebanho (35,20%) e investir em novos equipamentos e automação (20,24%).
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Duas visões sobre a cadeia leiteira
Apesar do aumento na produção de leite, principalmente nas propriedades que adotam os sistemas intensivos, a chefe do núcleo da Seab de Francisco Beltrão, Denise Adamchuk, defende o sistema de produção de leite a pasto, pelo seu baixo custo, a boa saúde dos animais e pela qualidade em proteína e gordura do leite. “No futuro, os laticínios vão pagar pela proteína e gordura”, afirma.
A chefe do núcleo ressalta que o uso da silagem e ração podem ser usados na alimentação do gado leiteiro nos momentos de baixa produção – meses de outono e inverno. Denise, no entanto, ressalta que há espaço, na atividade, para os dois sistemas: compost barn/free stall e a pasto.
O secretário municipal de Agricultura de Francisco Beltrão, Claudimar de Carli, avalia que a concentração da atividade em menos propriedades e o aumento da produção é uma tendência. Nos últimos seis anos, de acordo com Claudimar, 35,5% das propriedades rurais da região que produziam leite deixaram a atividade. “Em compensação, a produção aumentou quatro por cento”, sublinha.
A perspectiva é que continue aumentando o número de vacas leiteiras em menos granjas e a mecanização, pela falta de trabalhadores no campo e alto custo da mão de obra. Claudimar resume sua análise dizendo que, “infelizmente, o mercado não tem coração”.