ESPMEXENGBRAIND
7 nov 2025
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Queda na soja e no milho reduziu custos do leite, mas energia elétrica sobe pela sétima vez e impede maior alívio ao produtor 🧮
Leite mais barato, contas mais caras: RS vive deflação com pressão 🔥
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O custo do leite no Rio Grande do Sul registrou uma leve deflação de 0,64% em setembro, segundo o Índice de Insumos para Produção de Leite Cru (ILC), divulgado pela equipe econômica da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul). O dado trouxe algum alívio às propriedades leiteiras, que vinham enfrentando meses de pressão sobre as margens, mas o cenário ainda está longe de indicar tranquilidade no campo.

De acordo com o relatório, o recuo nos custos foi impulsionado pela queda nos preços da soja e do milho, dois dos principais componentes da alimentação do rebanho. A silagem e o concentrado também apresentaram retração, de 0,67% e 0,77%, respectivamente — fatores que contribuíram para aliviar os custos variáveis da atividade.

Essa deflação, embora modesta, reflete um movimento de ajuste no mercado de insumos agrícolas e uma trégua temporária para o produtor. Mas os mesmos números mostram que o alívio é desigual e frágil.

💰 Câmbio ajuda, mas energia e combustível minam ganhos

A Farsul destacou outro fator positivo: a redução de 1,7% no câmbio, que impactou diretamente os preços dos fertilizantes, resultando em queda de 2% nesse item. Como o Brasil depende de importações para mais de 80% dos fertilizantes usados na produção, a desvalorização do dólar costuma aliviar um dos custos mais sensíveis do sistema produtivo.

Porém, as boas notícias param por aí. Mesmo com a deflação em parte dos insumos, os custos fixos das propriedades seguem em escalada. Os combustíveis registraram alta de 0,24%, acompanhando o movimento do petróleo no mercado internacional, e a energia elétrica subiu 4,2% em setembro, marcando o sétimo aumento consecutivo.

Na avaliação da equipe técnica da Farsul, esses reajustes comprometem o efeito positivo da queda nos custos variáveis. “A energia é hoje um dos principais gargalos da produção de leite. Mesmo quando o preço do alimento do rebanho recua, o produtor não sente alívio real se a conta de luz e o diesel seguem subindo”, resumiu o relatório.

📉 Inflação desacelera, mas os custos estruturais seguem pesando

No acumulado de 2024, o ILC registra deflação de 3,29%, em linha com o comportamento do Índice de Preços ao Produtor (IPA-DI) da Fundação Getulio Vargas (FGV), que apresenta queda de 4,03%. Essa correlação indica uma tendência de arrefecimento dos preços no atacado e dos insumos agropecuários.

Mas, quando o olhar se volta para os últimos 12 meses, o retrato muda: o custo do leite ainda mostra alta acumulada de 6,48%. Os vilões do período continuam sendo os fertilizantes (+16,2%), o sal mineral (+15,8%), a energia elétrica (+10,5%), a silagem (+6%) e o concentrado (+3%).

Esses dados confirmam que, embora o produtor tenha algum alívio momentâneo, os custos estruturais da pecuária leiteira continuam altos. A deflação recente é mais um respiro do que uma recuperação sólida.

🔎 Expectativas para o próximo trimestre: alívio limitado

A equipe econômica da Farsul vê sinais de moderação inflacionária nos insumos agropecuários, reflexo da política monetária mais restritiva. A expectativa é de que o acumulado de 12 meses entre em terreno negativo a partir de novembro, o que indicaria uma melhora gradual nas margens do produtor rural.

Para outubro, a entidade projeta nova queda nos preços do milho e da soja, o que pode seguir reduzindo o custo de alimentação do gado. No entanto, há fatores que podem limitar essa tendência: a recente valorização do dólar tende a reencarecer fertilizantes e combustíveis, dois itens de peso no orçamento das fazendas.

⚠️ Descompasso entre campo e energia

Enquanto o custo do leite mostra leve trégua, o avanço contínuo da energia elétrica preocupa o setor. Em muitas propriedades, o gasto com eletricidade já representa mais de 10% dos custos fixos. A combinação de tarifas elevadas e baixa previsibilidade nas contas mina a rentabilidade da atividade, especialmente nas pequenas e médias fazendas, que operam com margens cada vez mais estreitas.

Em resumo, o produtor gaúcho começa a sentir um fôlego no curto prazo, mas o equilíbrio da planilha ainda depende de fatores que estão fora do seu controle — do câmbio às tarifas públicas.

O leite pode estar momentaneamente mais barato de produzir, mas o Brasil ainda não conseguiu tornar o custo da energia e do combustível compatível com a competitividade que o setor precisa.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de Radar Digital

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