O custo de produção do leite, medido pelo ICPLeite/Embrapa, teve um leve aumento de 0,2% em junho de 2025, metade da alta registrada em maio.
A palavra-chave aqui é desaceleração, mas o alívio ainda é relativo. No acumulado do semestre, a inflação dos custos já chega a 3,9%, e no acumulado de 12 meses, 8,8%, segundo o boletim da Embrapa Gado de Leite.
O principal fator de desaceleração em junho foi a queda contínua dos preços do grupo Concentrado, que inclui rações, farelos de soja, trigo, algodão e fubá, com deflação de -2,8% no mês e -6,3% no trimestre. Porém, isso não foi suficiente para compensar a pressão inflacionária de outros grupos.
Entre os vilões de junho estão Energia e combustível, que voltou a subir 4,9%, após três meses de alívio, e Volumosos, com alta de 2,4%. A mão de obra também pesou mais no bolso dos produtores, com um acréscimo de 1,9%, puxado principalmente por aumentos na remuneração de diaristas.
Além disso, os grupos Sanidade e reprodução e Qualidade do leite apresentaram altas de 1,1% e 0,9%, respectivamente.
O que diz o acumulado de 2025?
No primeiro semestre de 2025, os únicos custos que caíram foram os de Concentrado. Todos os demais registraram aumentos. Destaque para:
- Minerais: +19,4%
- Energia e combustível: +12,8%
- Qualidade do leite: +9,2%
- Mão de obra: +8,2%
Ou seja, mesmo com um junho mais “calmo”, os demais meses mantêm a curva de inflação elevada. Os únicos grupos que ajudaram a conter o índice geral foram Sanidade e reprodução (+3,7%) e Volumosos (+1,6%).
E nos últimos 12 meses?
A inflação anual de custos segue firme em 8,8%, ainda que mostre sinais de perda de força. Entre julho de 2024 e junho de 2025, três grupos passaram da marca de dois dígitos:
- Minerais: +22,0%
- Energia e combustível: +14,0%
- Mão de obra: +12,1%
Já Concentrado, Sanidade e reprodução e Qualidade do leite ajudaram a puxar o índice para baixo.
Um 2025 com custos ainda elevados
Segundo a Embrapa, os dados reforçam que a inflação de custos do leite segue disseminada entre os diferentes grupos de insumos. A curva de alta desacelerou, mas os custos se mantêm em um patamar elevado, dificultando a recomposição de margens dos produtores.
Em outras palavras: a trégua é tímida. Os números de junho aliviam o ritmo de aumento, mas não revertem o cenário de aperto nos custos, especialmente considerando a volatilidade dos combustíveis e a rigidez dos gastos com mão de obra e qualidade do leite.
Escrito para eDairyNews, com informações de Cileite