“O ano de 2019 tem sido desafiador para o mercado lácteo no Brasil. No primeiro semestre, os preços pagos ao produtor foram bem mais elevados do que na primeira metade de 2018, o que foi benéfico para os produtores, em especial dado que o custo da ração foi menor.

72568“O ano de 2019 tem sido desafiador para o mercado lácteo no Brasil. No primeiro semestre, os preços pagos ao produtor foram bem mais elevados do que na primeira metade de 2018, o que foi benéfico para os produtores, em especial dado que o custo da ração foi menor. Porém, a indústria não conseguiu repassar preços maiores ao consumidor final no leite fluido e nos derivados, por conta de demanda fraca, consequência de uma economia que cresceu praticamente zero nos primeiros seis meses do ano”, comentou Andrés Padilla, analista sênior do Rabobank Brasil em entrevista exclusiva realizada pela Equipe AgriPoint.

De acordo com ele, o segundo semestre deve fechar um pouco melhor para a indústria já que o custo da matéria-prima está levemente menor, a demanda sutilmente mais aquecida por causa do aumento no gasto do consumidor no final do ano e uma ligeira melhora nos dados de emprego e crescimento econômico.

Com relação às possíveis ferramentas para mitigar os riscos de preços e custos do leite, o analista aponta que há várias que podem ser utilizadas tanto no lado dos custos como no lado da receita. “Porém no Brasil as que estão disponíveis são mais inclinadas aos custos do que às receitas e mais limitadas do que nos países desenvolvidos. Nos EUA, na Oceania e na Europa se utilizam muito os derivativos para limitar a exposição ao risco. O mercado mais desenvolvido de derivativos está nos EUA, por meio do CME (Chicago Mercantile Exchange), seguido dos mercados da Nova Zelândia e da Europa”, ponderou.

Com mais detalhes sobre este tema, Andrés apresentará a palestra “Ferramentas para mitigar os riscos de preços e custos do leite: estado atual e tendências no mundo” no Dairy Vision 2019, evento que ocorrerá nos dias 26 e 27 de novembro em Campinas, SP. 

Segundo ele, muitas coisas ainda precisam ser desenvolvidas no Brasil sobre o assunto, porém, na bolsa de valores (B3) já há ótimas ferramentas que permitem ao produtor limitar a sua exposição às oscilações dos custos dos grãos e mudanças na taxa de câmbio.

“Quando um empresário ou produtor planeja como será o próximo ano, deve adotar várias premissas e considerar um cenário base para as suas projeções. Por exemplo, deve pensar no custo da ração que irá comprar ao longo do ano, no custo dos fertilizantes e defensivos, e no preço do leite que irá receber na hora de elaborar o orçamento do ano seguinte. Na planilha de Excel o mundo é bem-comportado e parece fácil projetar o futuro com fórmulas e premissas que hoje parecem adequadas. Mas, infelizmente, o mundo real não obedece ao que se projeta e as diferentes variáveis podem mudar significativamente e alterar muito o resultado, explicou.

Andres acredita que limitar a exposição às oscilações das principais variáveis pode prever melhor o resultado do exercício. “Gerenciar o risco consiste em utilizar as ferramentas existentes para limitar as surpresas futuras com eventos que não podemos antever”, completou.

Ao final do bate-papo, Andrés afirmou que o Dairy Vision tem se posicionado como um dos melhores eventos na América Latina no setor de lácteos. “Com certeza será um novo sucesso e espero poder trazer algumas reflexões aos participantes sobre como devemos enxergar o futuro e melhorar a nossa gestão de risco no setor”.

O setor lácteo passa por profundas transformações no Brasil e no mundo. Estas transformações têm diversas vertentes e carregam como consequência um cenário difuso, em que não se pode mais classificar o setor como algo uniforme: certamente haverá vários “setores” dentro do que se convencionou chamar de indústria de laticínios, com rentabilidades, perspectivas e crescimento muito distintos. A transformação passa por diversos pilares, podendo-se destacar: protagonismo crescente do consumidor, novas tecnologias e inovação aberta. O Dairy Vision é o evento mais exclusivo do setor no Brasil e um dos principais do mundo. A cada ano, cresce em número de participantes e empresas, sinal de que a proposta do evento é vencedora. Serão mais de 20 apresentações e debates com um único objetivo: dar uma oportunidade concreta para que os executivos tenham insights relevantes, daqueles que podem mudar o rumo de seus negócios. 

Produtores de leite preveem aumento de 6% neste ano.

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