ESPMEXENGBRAIND
20 out 2025
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Danone e Nestlé ampliam parcerias com fazendas leiteiras para reduzir emissões e aumentar produtividade com práticas sustentáveis.
Empresas e produtores se unem por um leite sustentável e rentável no Brasil.
Empresas e produtores se unem por um leite sustentável e rentável no Brasil.

Leite sustentável é mais que uma tendência: tornou-se uma exigência de mercado e um símbolo da nova pecuária brasileira.

Em um movimento que une tradição familiar e tecnologia de ponta, empresas como Danone e Nestlé firmaram parcerias com produtores locais para transformar a produção sem perder suas raízes.

A Fazenda Santa Rosa, em Ilicínea (MG), é um exemplo claro dessa mudança. A produtora Rejane Maria, que comanda o negócio familiar ao lado de Naisser Pinheiro, participa do programa Jornada Flora, da Danone Brasil. “Já tínhamos algumas iniciativas sustentáveis, mas passamos a entender como o bem-estar animal pode aumentar a produtividade”, conta Rejane.

Na propriedade, práticas de agricultura regenerativa, reaproveitamento da água e energia solar fazem parte da rotina. Toda a água usada na ordenha e limpeza é tratada e reutilizada no plantio, e uma usina solar passou a suprir 95% do consumo da fazenda, reduzindo a conta de energia de R$ 20 mil para apenas R$ 1 mil.

Segundo Mário Rezende, vice-presidente de Operações e Sustentabilidade da Danone, o programa Jornada Flora — que já tem cinco anos — trouxe resultados concretos: aumento de 15% na produtividade por vaca, crescimento médio de 26% na produção diária e 22% mais renda para os produtores.

A avaliação de impacto ambiental é feita anualmente com apoio do Sebrae e consultorias especializadas. “Medimos as emissões por quilo de leite corrigido, levando em conta gordura e proteína. Os produtores que emitem menos de um quilo de CO₂ equivalente por quilo de leite são classificados como de baixo carbono”, explica Rezende.

Enquanto a Danone fortalece o vínculo com pequenos e médios produtores, a Nestlé Brasil avança com seu programa Nature por Ninho, presente em 203 fazendas parceiras. A iniciativa promove agricultura regenerativa, aproveitamento de dejetos na fertilização, bioinsumos e melhoramento genético.

O impacto é expressivo: “Mais de um bilhão de copos de leite já vieram de fazendas com práticas regenerativas. As Fazendas Ouro têm 35% mais produtividade por vaca, 15% mais rentabilidade e 18% menos pegada de carbono”, destaca Bárbara Sollero, da Nestlé Brasil.

O bem-estar animal é outro pilar central. Segundo Bárbara, 39 mil vacas das fazendas parceiras vivem em ambientes climatizados, e muitas usam colares de monitoramento, que ajudam a detectar estresse, prenhez e doenças precocemente.

A escolha dos produtores é criteriosa: as empresas realizam mapeamento das fazendas, e os selecionados recebem capacitação técnica em gestão, manejo e bem-estar animal. As formações são conduzidas com o apoio de instituições como Embrapa e Sebrae.

“O foco é garantir que os produtores tenham conhecimento e ferramentas para tomar melhores decisões e unir rentabilidade com responsabilidade socioambiental”, reforça Rezende.

O diferencial das parcerias está na relação ganha-ganha: os produtores fornecem matéria-prima de qualidade, enquanto as empresas reduzem sua pegada de carbono e ampliam o acesso a mercados internacionais, cada vez mais exigentes quanto à sustentabilidade.

Para garantir a evolução contínua, as fazendas do programa Nature por Ninho recebem visitas periódicas de especialistas e suporte técnico personalizado. Segundo Sollero, a bonificação financeira é apenas parte do incentivo: “O verdadeiro impacto é o engajamento dos produtores na transição para um modelo sustentável.”

A médica-veterinária Paola Rueda, integrante da Comissão Técnica de Uma Só Saúde do CRMV-SP, destaca que vacas bem cuidadas produzem mais e melhor. “Camas limpas e manejo correto reduzem mastite e problemas locomotores, que prejudicam o bem-estar e a produtividade”, explica.

No Brasil, o bem-estar é medido por indicadores objetivos: baixa incidência de doenças, comportamento tranquilo e boa produtividade reprodutiva. “Vacas estressadas ou doentes têm menos eficiência e menor qualidade de leite”, completa Rueda.

A trajetória dessas fazendas mostra que o leite sustentável é possível quando tradição, tecnologia e compromisso ambiental caminham juntos. Do campo mineiro às grandes indústrias, o Brasil dá um passo firme para consolidar sua imagem como líder em produção responsável — provando que cuidar do planeta também pode ser um bom negócio.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de ECOA

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