Se você quer um queijo para impressionar na mesa de frios, vai querer passar nesse casarão discreto na Avenida Manoel Ribas.
A Mercearia Riograndense chegou na rua quando ela ainda nem tinha asfalto, e lá se vão 69 anos de história – dos quais 44 contaram com a dedicação de Emi Hepp, hoje à frente da tradicional casa no bairro São Francisco e uma das homenageadas do Prêmio Bom Gourmet 2023.
O negócio começou em 1954 com foco em salames, que vinham do Rio Grande do Sul, já que o sogro de Emi, Carlos Hepp, tinha uma representação dos frigoríficos gaúchos na cidade. Depois, ele incluiu mais itens à casa e se estabeleceu como uma mercearia até passar a operação para o filho, marido de Emi. Na época, chegou até a dispor de frutas, mas com o tempo e a concorrência, foram eliminadas das prateleiras.
Ao passar um freguês e perguntar se ali era uma panificadora, durante a entrevista, Emi se apressou em dizer: “Não. Aqui só tem queijos”. E são muitos, de nacionalidades e tipos diversos. Entre bries, gorgonzolas e camembert, Emi encontrou o seu local no mundo, ali atrás do balcão, atendendo clientes que permanecem por décadas e gerações.
As peças são destaque logo na entrada da casa, que conta ainda com geleias, embutidos, petiscos e conservas, além de ter todos aqueles ingredientes-chave para finalizar uma receita. Entre os preferidos de Emi, estão o queijo trufado e o brie. Os carros-chefe da loja são os europeus – de origem holandesa, francesa e italiana.
A decisão de investir nos queijos veio após a abertura para a importação, ainda nos anos 1990, na gestão do ex-presidente Fernando Collor, quando os supermercados passaram a ameaçar as pequenas mercearias. Na Riograndense, a resposta estava clara: queijos de qualidade e atendimento pessoal e atencioso. A fórmula segue intacta.
Mas a história de Emi, hoje com 71 anos, começou lá atrás: foi na quarta-feira após o Carnaval de 1979, logo depois do casamento, que a gaúcha descendente de alemães começou a trabalhar com o marido na mercearia. O sonho dela, porém, é ainda mais antigo, da época que morava em Três Passos, cidade de pouco mais de 25 mil habitantes próxima à fronteira com a Argentina. “Eu sempre imaginei que trabalharia em comércio. Em casa, com meus pais, eu não tinha essa oportunidade”, relembra. Foi na Riograndense que realizou o desejo.
Há dois anos, segue sozinha na gestão – e tem adorado a experiência. Ela percebe que os clientes sentem o mesmo. “Esses dois anos pra mim foram maravilhosos. Aqui eu me realizei. Eu faço aquilo que eu gosto. E é bonito trabalhar, muito gostoso”, diz.
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