Popularizado no mundo com a tag #rawmilk, o desafio consiste em consumir leite diretamente da vaca, sem passar por processo de esterilização. No Brasil, apesar de proibido, consumo ainda ocorre e gera preocupação. Entenda!
Legalmente, o leite só pode ser vendido após passar por um processo de pasteurização
Legalmente, o leite só pode ser vendido após passar por um processo de pasteurização.
Popularizado no mundo com a hashtag #rawmilk (leite cru), com milhões de vídeos no TikTok pelo mundo, o “desafio do leite“, em que membros da rede aparecem tomando o leite diretamente da vaca, sem passar por nenhum processo de pasteurização, está chegando ao país com alguns vídeos já distribuídos na rede.

Mas afinal, por que o consumo de leite in natura é proibido e quando começou essa proibição? Apesar dessa proibição, ressaltamos que o consumo de lácteos é de sumo importância para o ser humano!

No entanto, poucos consumidores sabem que a ingestão de leite cru é proibida no Brasil desde 1969, quando a Ditadura Militar baixou o Decreto-Lei 923, no dia 10 de outubro, proibindo “a venda de leite cru, para consumo direto da população, em todo o território nacional”.

Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária, a venda de leite cru é proibida em todo o território nacional, pelo Decreto nº 923/1969.

À época, o decreto abriu uma exceção permitindo “em caráter precário, a venda de leite cru em localidades que não possam ser abastecidas permanentemente com leite beneficiado”. Além do Brasil, o consumo do leite cru é proibido em diversos países e em 22 estados dos EUA.

Consumo do produto in natura é proibido no Brasil desde 1969

No entanto, apesar das décadas de proibição no Brasil, o leite tirado diretamente da vaca ainda é muito consumido, principalmente em regiões interioranas. E ganhou adeptos nos grandes centros com o desafio nas redes sociais.

“O consumo de leite e seus derivados deve ser incentivado por se tratar de um grupo de alimentos ricos em nutrientes que compõem a dieta da população.

Contudo, deve ser observado se os alimentos adquiridos possuem selo de inspeção municipal, estadual ou federal que asseguram ter controle sanitário”, alerta a auditora fiscal da Secretaria de Defesa Agropecuária, Mayara Pinto.

Reunidos sob a tag #rawmilk (leite cru), com mais de 104 milhões de visualizações, os vídeos mostram pessoas consumindo leite não pasteurizado das mais diferentes formas e listando os diferentes benefícios desse hábito.

Em um deles, o usuário Garett Bearenger afirma ter ido a outro estado comprar a bebida, já que no seu, Ohio, a venda de leite não pasteurizado é ilegal.

Por que é proibido o consumo de leite in natura

A proibição do consumo de leite cru no Brasil – e em grande parte dos países que adotaram a legislação – se deu exatamente por causa da procedência e dos cuidados de higiene com a ordenha do leite, que pode acarretar diversos problemas, como prisão de ventre, indigestão e refluxo, até doenças mais sérias, como tuberculose e brucelose.

Legalmente, o leite só pode ser vendido após passar por um processo de pasteurização – um método de esterilização que leva o nome de seu criador, o químico francês Louis Pasteur -, em que o produto passa por fervura e resfriamento súbitos para eliminar microrganismos nocivos à saúde humana.

Segundo o Ministério da Agricultura, “apesar de ser um alimento nutritivo e amplamente consumido por toda a população brasileira e mundial, o leite é um substrato ideal para o desenvolvimento de grupos de bactérias que podem causar alterações sensoriais e tecnológicas e, quando patogênicos, danos graves à saúde pública”.

Entre as doenças que podem ser transmitidas pelo consumo de leite cru estão a tuberculose, brucelose, listeriose, salmonelose, yersiniose, campilobacteriose, infecção por Escherichia coli, entre outras“, diz um comunicado disponível no site do MAPA.

“Além disso, o leite cru pode vir contaminado com pesticidas, micotoxinas [toxinas produzidas por fungos], antibióticos, corticoides e hormônios, todos prejudiciais para saúde humana e que podem alterar a microbiota intestinal”, explica a nutricionista Kheyt Fernandes, de São Paulo.

 

Mesmo o processo de pasteurização é acompanhado com rigidez pelos órgãos de fiscalização e vigilância sanitária. Recentemente, a Anvisa proibiu a comercialização, a distribuição e o uso de leite integral e desnatado, ambos pasteurizados, da marca Natville.

Segundo a agência, “foi constatado que esses alimentos foram produzidos sem as devidas condições de higiene e sem a realização de controles que garantam sua qualidade e segurança”.

 

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Bryce Cunningham, um produtor de leite escocês, proprietário de uma fazenda orgânica em Ayrshire (Escócia), lançou um produto lácteo para agregar valor ao leite de sua fazenda, que é um produto de ótima qualidade, sem aditivos, e é um exemplo de economia circular.

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