José Zeferino Pedrozo, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Conselho de Administração do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC)

José Zeferino Pedrozo, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Conselho de Administração do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC)

Acelerar a integração do Brasil com o mercado mundial, via ampliação e celebração de novos acordos de livre comércio, é um das metas que sempre perseguimos, tanto na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), quanto na Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc). A busca por um acordo do Mercosul com a União Europeia sempre foi uma prioridade para o setor agropecuário – que agora se concretiza e deve ser comemorado. Esse acordo comercial deverá levar dois anos para aprovação interna pelos respectivos blocos, portanto, haverá tempo para que as cadeias do agronegócio se adaptem às exigências, desafios e oportunidades que se apresentam.

Esse avanço nas relações multilaterais confere prestígio e credibilidade ao Brasil para conquista de mercados periféricos. A União Europeia está reduzindo a produção de leite e de carnes por questões ambientais – dejetos e gases de efeito estufa – e isso cria boas chances ao Brasil.

Após duas décadas de negociações, o acordo traz benefícios para exportadores de aves, suínos e ovos processados. A cota total de exportações de carne de frango será de 180 mil toneladas no ciclo de 12 meses. O maior avanço, entretanto, será este: em 15 anos as tarifas irão zerar. Outro ponto positivo: o acordo definiu a viabilização de embarques para carne suína e ovos processados brasileiros para o Bloco Europeu. Há pelo menos meia década o Brasil realizava investidas para embarcar estes produtos para a UE.

No segmento de proteína animal, o Brasil é francamente superior e imbatível em fatores como qualidade, capacidade de produção e preço para abastecer qualquer mercado internacional. Nesse aspecto, Santa Catarina é francamente beneficiada com suas formidáveis cadeias produtivas de aves, suínos, lácteos, grãos e frutíferas.

Acertadamente, o Mercosul negociou um tempo maior para que setores se adaptem a nova realidade. O fato relevante é que essa conquista marca 2019 como um novo momento para o setor de proteína animal do Brasil, com a possibilidade de embarcar um fluxo maior para um dos mais relevantes mercados consumidores globais. Ao mesmo tempo, o acordo pontuará critérios mais justos e transparentes nos negócios entre os dois blocos

Novos desafios se impõe agora e, entre eles, desenvolver um programa de imagem e diferenciação de produtos e consolidar exportações de maior valor adicionado. Apesar de atualmente ser um dos maiores produtores em muitas cadeias do Agro, a imagem do Brasil é injusta e frequentemente associada ao desrespeito com o meio ambiente.

Para o futuro, outras possibilidades poderão se viabilizar se desenvolvermos projetos nacionais de fomento às exportações adaptados às realidades locais do agronegócio, com ações de promoção comercial e competitividade. Poderemos criar programas para a sensibilização, capacitação e desenvolvimento de novas cadeias agropecuárias para o comércio internacional, por meio de parcerias entre entes públicos e privados, investir em programas de comercialização no exterior voltados para pequenos e médios produtores, bem como fomentar as exportações de produtos agropecuários de valor agregado, explorando atributos relacionados às diferenciações regionais e indicações geográficas. Enfim, uma nova era de relações se inicia.

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