A Nestlé Brasil está transformando o impacto ambiental de suas fazendas leiteiras com um projeto que parece saído do futuro — mas já é realidade em Goiás e em diversas regiões produtoras do país.
O programa de agricultura regenerativa, que busca reduzir o arroto e o pum das vacas — responsáveis por parte significativa das emissões de metano —, já envolve 39 mil animais e cerca de mil produtores.
A inovação vai além da retórica verde: 8 mil vacas já usam colares com inteligência artificial (IA) para monitorar comportamento, alimentação e bem-estar, garantindo maior eficiência produtiva e menor pegada de carbono.
Segundo Bárbara Sollero, chefe da área de Agricultura Regenerativa da Nestlé Brasil, o maior desafio está no fato de que as emissões acontecem naturalmente durante a digestão. “O que muda é a eficiência. Vacas saudáveis e bem alimentadas produzem mais leite, reduzindo a pegada de carbono por litro”, explicou em entrevista ao portal Mais Goiás.
🌾 Bem-estar e tecnologia de mãos dadas
As fazendas parceiras da Nestlé adaptaram completamente seu ambiente. As vacas caminham em espaços amplos, com temperatura e umidade controladas, e o chão é coberto com cascas de café ou maravalhas, resíduos reaproveitados de outras cadeias produtivas.
A alimentação também ganhou nova lógica: silagem natural de plantas cultivadas em sistemas regenerativos, sem uso de insumos provenientes de áreas desmatadas. O resultado é um ciclo produtivo que prioriza o solo e a saúde animal — e que também reduz custos.
Dados divulgados pela empresa indicam que o custo com silagem caiu 8%, enquanto a produtividade do rebanho subiu 47%. Além disso, a pegada de carbono nas fazendas da Nestlé é 39% menor em comparação com propriedades convencionais.
Hoje, 70% do leite comprado pela companhia no Brasil já vem de fazendas que aplicam práticas regenerativas, consolidando o país como uma referência global dentro da multinacional suíça.
🎶 Música, massagem e energia renovável
A Nestlé tem levado o conceito de bem-estar animal a outro nível. Em algumas propriedades, as vacas desfrutam de música durante a ordenha, escovas automáticas que massageiam o couro e até ventilação movida a energia renovável.
O objetivo é claro: associar conforto e produtividade. O manejo humanizado reflete não só em mais leite, mas também em um produto de melhor qualidade — e em uma imagem de marca alinhada à sustentabilidade sem perder eficiência econômica.
💰 Parcerias e metas globais
Além dos avanços tecnológicos, a Nestlé Brasil estabeleceu parcerias financeiras, como a realizada com o Banco do Brasil, para facilitar o acesso dos produtores a práticas sustentáveis. O apoio financeiro é crucial para expandir o modelo a mais regiões, especialmente entre pequenos e médios produtores.
Essas iniciativas estão alinhadas à meta global da companhia: reduzir pela metade suas emissões até 2030 e alcançar neutralidade de carbono até 2050.
Para a gigante do setor lácteo, a transformação passa pela base: solo, água, bem-estar e inovação. O discurso corporativo encontra respaldo em resultados concretos, que mostram que a sustentabilidade, neste caso, também é uma estratégia de negócios.
🌍 Um novo leite brasileiro
O modelo implementado no Brasil serve como exemplo para outras operações da Nestlé ao redor do mundo. A experiência local, marcada pela integração entre tecnologia, clima tropical e diversidade de sistemas produtivos, cria um laboratório vivo de inovação climática.
Em um mercado global cada vez mais exigente com critérios ESG, a companhia mostra que é possível produzir mais leite com menos impacto — e com uma boa dose de inteligência artificial.
O desafio agora é escalar a transformação: levar o colar inteligente e a agricultura regenerativa a todo o mapa leiteiro nacional. E, quem diria, tornar o “arroto das vacas” um símbolo de eficiência — e não de poluição.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de Mais Goiás






