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21 jul 2025
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Com apoio público e capital de risco, a australiana Eclipse aposta na produção escalável de lactoferrina humana e mira o crescente mercado asiático.
“Estamos transformando ciência em produto — e produto em impacto de mercado.” Eclipse
“Estamos transformando ciência em produto — e produto em impacto de mercado.”

A australiana Eclipse Ingredients acaba de captar US$ 4,6 milhões para transformar uma proteína rara e valiosa — a lactoferrina humana — em produto de alto valor agregado e escalável.

Com um modelo baseado em fermentação de precisão, a startup mira o mercado asiático de nutrição funcional e cosméticos premium, onde a demanda cresce a dois dígitos ao ano.

A rodada incluiu o fundo AgFunder, investidores-anjo e apoio público do programa Food and Beverage Accelerator (FaBA), vinculado ao governo australiano.

A Eclipse é um spin-off do CSIRO, agência nacional de ciência, e já inicia a transição para a produção industrial, em parceria com a Queensland University of Technology (QUT).

O plano é claro: colocar os primeiros produtos com lactoferrina humana no mercado até 2027, começando pela cosmética e expandindo depois para alimentos funcionais, fórmulas infantis e suplementos.

“Estamos desbloqueando acesso a um ingrediente de alto desempenho que sempre foi caro demais para escalar”, explica Siobhan Coster, fundadora e CEO da Eclipse.

A lactoferrina humana, presente naturalmente no leite materno e tecidos humanos, é reconhecida por seu efeito imunológico e capacidade de transporte de ferro.

Mas sua extração tradicional é financeiramente inviável: são necessários 10 mil litros de leite para produzir apenas 1 kg da substância.

A alternativa da Eclipse é utilizar leveduras geneticamente programadas para produzir a proteína de forma bioidêntica — sem origem animal, com alta pureza e em processos similares à fabricação de cerveja.

Isso permite reduzir drasticamente os custos e ganhar previsibilidade, dois fatores chave para a entrada em mercados regulados e exigentes como o asiático.

Com fermentadores de 2.000 litros e uma plataforma enxuta e capital eficiente, a startup aproveita infraestrutura e talentos científicos locais — como o CSIRO, a QUT e a Universidade de Queensland — sem precisar construir fábricas do zero.

Uma estratégia que atraiu a atenção de investidores institucionais e do próprio governo.

“A Austrália já é reconhecida por ingredientes de alta qualidade. Agora queremos liderar também na inovação”, afirma Crispin Howitt, pesquisador do CSIRO.

A movimentação da Eclipse ocorre em um contexto de ascensão da fermentação de precisão como alternativa industrial à produção tradicional de proteínas de origem animal.

O país já abriga outras startups do setor, como All G, Eden Brew, Nourish Ingredients e Cauldron, muitas também apoiadas pelo FaBA.

A estratégia de entrada da Eclipse — via cosméticos — mostra entendimento do mercado: a regulação é mais ágil, as margens são altas e os consumidores estão dispostos a pagar por inovação.

Ao conquistar esse primeiro nicho, a empresa se posiciona para avançar nos segmentos mais exigentes, como a nutrição infantil.

No radar da startup estão concorrentes como a americana Helaina e a portuguesa PFx Biotech, que também desenvolvem lactoferrina recombinante.

A vantagem australiana, segundo Coster, está na velocidade de execução, eficiência de capital e apoio institucional contínuo.

“Estamos transformando ciência em produto — e produto em impacto de mercado.”

*Adaptado para eDairyNews, com informações de Vegan Business

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