O El Niño ativo — e de forte intensidade — pode ser responsável por novas ondas de calor, ocorrência de ciclones, chuvas de granizo e outros eventos capazes de interferir nas janelas de plantio e colheita de grãos no Brasil até o fim de 2023, mas ainda há dúvidas sobre a potência do fenômeno e suas consequências para a agricultura.
Essas foram algumas das conclusões dos especialistas que participaram ontem da live Impactos do Clima para o Agro, promovida pela Globo Rural.
Mas as temperaturas acima da média, no fim do inverno e durante a primavera e o verão, condições ligadas ao El Niño, devem ser o ponto de atenção para os produtores, disse Willians Bini, da área de meteorologia da Climatempo.
Ele afirmou que, apesar da previsão de umidade favorável no Centro-Oeste, região que lidera a produção de grãos do país, não há garantia de chuva regulares e boas condições de plantio em setembro.
“O produtor tem que fazer um planejamento de plantio para que não haja replantio. As chuvas vão ser irregulares em setembro e podem não ter o volume necessário para uma boa emergência”, afirmou Ricardo Sodré, o principal executivo da FieldPro.
As regiões Norte e Nordeste do país também devem continuar com chuvas fracas e irregulares, enquanto o Sul deverá ter chuva em excesso. Porém, ainda há dificuldade para se prever quando e onde elas acontecerão, diz o especialista da Climatempo.
Hoje, o Brasil tem cerca de 750 estações meteorológicas, a maioria concentrada em áreas urbanas. Para efeito de comparação, nos Estados Unidos, há mais de 26 mil.
Fenômenos atípicos
Sodré, da FieldPro, disse que cada vez mais ocorrem anos “atípicos”, sob efeito do La Niña ou do El Niño. Ou seja, praticamente já não há mais neutralidade. Essa condição, somada à falta de pontos de coleta de dados sobre o clima— que é uma realidade no Brasil —, dificulta a previsão do tempo em geral. Segundo Bini, “é impossível prever com exatidão, com mais de oito meses de antecedência, se um evento vai ocorrer ou não”.
Não à toa, observou o especialista, ninguém no mundo previu que julho de 2023 seria o mês mais quente da história, como de fato foi, de acordo com a Organização Mundial de Meteorologia (OMM).
Enquanto o Hemisfério Norte registra neste ano um verão com temperaturas muito altas, o Hemisfério Sul enfrenta um “inverno quente”, como o que se vê em parte do Brasil, o que explica os recordes de temperaturas.
Um dos reflexos desse clima atípico é que a frequência dos eventos extremos tem crescido. “A gente passou a ver situações raras, como deslizamentos, alagamentos, queimadas, tempestades, rajadas de vento e outros, com maior frequência e intensidade”, disse Bini.
Para ele, “o clima é o melhor investimento do produtor”. Com esse investimento, afirma, é possível aplicar insumos na hora certa, respeitar o meio ambiente e ter produtividade”.
(*Sob a supervisão de Raphael Salomão)
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