A fraca demanda pressionou o valor, que caiu 0,6% no mês e 5,6% em 12 meses.

O preço do leite coletado em dezembro do ano passado e pago aos produtores em janeiro caiu 0,6% em relação ao mês anterior, cotado a R$ 2,1093/litro na “Média Brasil” líquida calculada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia (ESALQ/USP). Pressionado pelo enfraquecimento da demanda, o valor caiu 5,6% em relação ao mesmo período do ano passado e foi o mais baixo desde 21/03, em termos reais (deflação devido ao IPCA de 21/Dez).

A pesquisadora Natália Grigol explica que, embora a queda nos preços ao produtor seja típica nesta época do ano, “observa-se que o forte movimento de queda (que ocorre desde setembro de 2021) não está ligado ao excesso de oferta, como tende a ocorrer sazonalmente, mas sim à fragilidade da demanda por produtos lácteos e à perda do poder aquisitivo brasileiro”.

leche gadolando (Foto: JM Alvarenga/Divulgación)
 A média do Brasil em janeiro caiu 0,6%, segundo Cepea (Foto: JM Alvarenga/Divulgación)

Segundo ela, os agentes consultados pela Cepea informam que, mesmo com os preços mais baixos das matérias primas nos últimos meses, ainda é difícil para as laticínios repassar os custos da produção leiteira ao consumidor. “Com dificuldade para assegurar uma boa liquidez, a tendência entre dezembro e janeiro foi para um aumento dos estoques de laticínios e a necessidade de reduzir o nível de cotações negociadas com os canais de distribuição”.

A pesquisa Cepea, realizada em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), que acompanha as negociações entre a indústria e o comércio atacadista no Estado de São Paulo, mostrou que, em dezembro de 2021, houve muita flutuação de preços, com tendência a cair. “Mesmo assim, em média mensal, os preços do leite UHT e do leite em pó não caíram: ficaram 1,1% e 0,8% acima da média de novembro, respectivamente. Entretanto, no mercado de mozzarella, o cenário era mais complicado: houve uma queda de 5,7%, na mesma comparação”.

Natália Grigol observa que o enfraquecimento do consumo tem ditado o nível de preços na prateleira, que foi transmitido ao produtor no campo. Entretanto, diz ela, chuvas irregulares e ondas de calor afetaram a qualidade da ração animal, enquanto os preços dos insumos continuam a corroer as margens dos produtores de leite.

Poder de compra

A pesquisa Cepea mostrou que em dezembro o poder de compra dos criadores de gado em relação ao milho diminuiu devido à valorização dos grãos no mercado interno e à queda no preço do leite no campo. Foram necessários 41,50 litros de leite para comprar um saco de 60 kg de grãos, em comparação com 38,52 litros no mês anterior.

Aponta também que os preços dos principais insumos para a atividade pecuária foram afetados pelo alto movimento global de mercadorias, principalmente petróleo, o que tornou a produção, o transporte e a distribuição de produtos mais caros. “A este contexto se soma a persistente desvalorização do real em relação às moedas estrangeiras, o que torna ainda mais cara a importação de matérias-primas para suplementos minerais, fertilizantes, agroquímicos e medicamentos”.

Neste contexto, diz Natália Grigol, os investimentos na atividade leiteira foram comprometidos, com uma perda do potencial produtivo do país, de modo que o suprimento de leite permaneceu seco no campo e o índice de captura de leite Cepea (ICAP-L) registrou uma queda de 1,9% de novembro a dezembro.

LECHE CEPEA 22 ENE (Foto: )
 CEPEA LEITE 22 JAN (Foto: )

Seus carros alegóricos já foram vistos com frequência, girando silenciosamente pelas ruas do país, entregando litros diários. A fotógrafa Maxine Beuret captura o mundo em extinção dos carros de leite elétricos (e seus motoristas).

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